O: Os últimos textos e áudios,
com certeza, vão afastar muita gente do canal. Já é de se esperar, pois já vi
isso antes. Quando um novo conteúdo do paradigma se apresenta, quem está
agarrado no antigo conteúdo, acaba tremendo nas bases.
F: Sério? Por quê? Nossa cara! Para
mim, o momento é simplesmente lógico, racional ao extremo, muito óbvio. Negar
isso é sinal de imaturidade.
O: Isso é natural, pois novos conteúdos
do paradigma sempre detonam a crença cristalizada.
F: Mas, como, depois de chegar
isto, alimentar esperança no conteúdo de qualquer crença? Como ficar com um
Deus imaginado, uma alma ou um espírito imaginado?... Então, tira lá os textos,
deleta tudo.
O: Nada disso; a percepção da
verdade é o que importa. É como dizia um velho caminhante: “Não importa se você
morrer por isso!”
F: Para mim, isso é a mais pura verdade,
e o restante, é investir no túmulo da debilidade; estou fora. É assim que eu vejo.
Mas quem mais está vendo isso que estamos vendo?
O: Não sei dizer. Só sei que
aquele que ainda está apegado em alguma prática espiritualista, não fica, acaba
pulando fora.
F: Creio que isso é por causa do
oco descomunal, gerado pelo processo de descondicionamento.
O: Quem ainda está na primeira fase,
que é a fase de total identificação com a matéria e com a satisfação dos
instintos degenerados pela cultura, nem chega aqui, pois não compreende nada do
que é dito.
F: Pesado, bem pesado! Na boa.
O: Quando o indivíduo chega aqui,
não é de se admirar que ele negue tudo isso por mais de três vezes, como no
arquétipo de Pedro.
F: Tem uns textos aí que você
compartilhou, que foram longe.
O: A maioria pula fora e prefere
se agarrar na simulação de paz, de amor e de somos todos um, ou coisa do tipo.
Cansei de ver isso! Eu mesmo senti na pele essa estagnante tentação!
F: Aff! Mas isso aqui quebra tudo
isso. Se o indivíduo pula fora, então, é porque não viu de verdade, estava só
no nível do intelecto. Se viu, não tem como negar! Isso aqui quebra todo
condicionamento de paz e amor! Isso aqui vai rasgando todas as poses, toda
simulação! Se a consciência pinçar um pouquinho que seja... acabou!
O: Esse pinçar produz um enorme
choque, uma profunda e assustadora sensação de absurdo.
F: Se a consciência pinçar com
este conteúdo, o indivíduo toma o pega que quebra o Rap do Cotidiano. Fica terrível
mesmo, se o indivíduo não vê isso de forma visceral e lê esse conteúdo. Se ler,
sem ver... Aí é só ansiedade... O indivíduo fica quase zureta. Se ele não viu o
imaginal, do mesmo modo como estamos vendo... Nossa, véio! Melhor mesmo cair
fora daqui.
O: Mas se o indivíduo viu um
pouquinho só que seja, o medo vai fazer ele fugir por um espaço de tempo e,
toda vez que bater a ansiedade, ele vai voltar aqui... Os bons filhos sempre
voltam, porque não encontram nada como isso na internet. Pode procurar!
F: Se a consciência pegou, está
enrolada, não tem jeito.
O: Mas o indivíduo volta a
acompanhar o conteúdo, no anonimato, pois é difícil o orgulho assumir a
veracidade disso.
F: Véio, quem chega nisso, não
tem mais como negar que não sente com propriedade, não tem mais como fugir da
inquietude, pois vê tanto a falência do imaginal pessoal e coletivo, quanto a
impotência de, pelo próprio esforço, transcender esse imaginal. Impossível não enxergar
o quanto fomos hipócritas, o quanto fomos simuladores e que, na real, nada
sabemos disso que chamam de amor, liberdade e felicidade.
O: Quando olho para trás, vejo
quão ridículo que eu era ao querer negar tudo isso e, pelo esforço, alcançar o
que é liberdade, felicidade e amor.
F: Tudo irreal, véio! Pelo
limitado esforço pessoal, você não consegue alterar nada disso que vê em você.
Depois que você viu isso, então, me diz, o indivíduo vai para onde? Vai
investir no que? Como conseguirá refutar isso que derruba todos os apoios estagnantes?
O: Quando chega aqui, nesse ponto
do processo de descondicionamento, a maioria sai correndo, não consegue, o medo
não deixa abrir mão do insatisfatório conhecido... A mente grita como no filme
Revolver: “Tenha medo de mim, tenha medo de mim!”... “Quem é você sem a minha
ajuda? Quem é você sem mim?”...
F: Concordo! É bem isso que
ocorre! Difícil dormir, o travesseiro fica pesado.
O: Aí fica fácil compreender a
arquétipo cristão: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não é digno
do reino dos céus"... Veja que tenho por reino dos céus, não uma imaginada
dimensão no além, mas sim, o estado incondicionado de ser.
F: Muito claro para mim!
O: Se no momento da fuga do
padrão condicionado de ser, você insistir em olhar para atrás, não tem como não
virar uma estátua de sal... Para ficar com isto, requer-se uma profunda e até
brutal honestidade consigo mesmo, para poder se questionar se aquilo em que
buscava segurança psicológica, realmente tem o poder de lhe outorgar liberdade,
felicidade e significativo sentir.
F: Mas eu procurei até nos áudios
anteriores, um tempo atrás, e não encontro material como esse que agora você está
subindo, com tanta intensidade e clareza. Esse material atordoa, véio! O
indivíduo precisa estar realmente cansado, precisa realmente querer ser
radical. Exatamente porque só fica sensação, o imaginal vira vento... Não tem
mais nada para fazer, mais nenhum lugar para correr, só resta a solitária e
silenciosa observação. Aliás, de que adianta falar, se a maioria não
compreender aquilo que você tenta comunicar? A estrutura é apoiada pela
segurança ilusória.
O: Aquele que não viveu a experiência
do profundo processo de descondicionamento, ao se deparar com isto que falamos,
está condenado ao ato ignorante da rejeição daquilo que desconhece, ou às
enfadonhas análises conceituais que, fatalmente, engessam o que é dinâmico e
vivo.
F: Caracas!
O: O finado professor Huberto Rohden
já alertava para essa recusa de aprofundamento, que sempre é causado pelo medo
de se abrir ao desconhecido. Dizia ele: “"Se nestas páginas você encontrar
algo que lhe seja estranho e inassimilável, não se escandalize nem procure
assimilá-lo a força; ignora-o tranquilamente e continue a alimentar a sua fé
com as doutrinas habituais, adaptadas ao nível atual da sua evolução religiosa.
Mantém, todavia, as portas da sua alma aberta rumo ao infinito; porque, com a
progressiva maturação do seu ser espiritual, o que hoje lhe parece absurdo,
herético e inaceitável, pode amanhã vir a ser o mais vigoroso alimento de sua
alma... A fim de você compreender certas coisas que hoje não pode compreender,
pouco aproveitam análises meramente intelectuais... Assimile o que você puder,
das verdades destas páginas — e crie em sua alma uma atmosfera propícia para
compreender mais”.
F: Forte!
O: Resumindo: Muito se pode dizer
à poucos. Pouco se pode dizer à muitos. Muito nunca se pode dizer à muitos. Até
porque, muitos que chegam aqui, de alguma forma já se organizaram como tal, em
alguma escola mística, esotérica, espiritualista, se entregaram à força
adulterante da respeitabilidade, se tornaram um medalhão, um mestre, um mentor,
um guardião das tradições ou outro nome qualquer...
F: Mas se o indivíduo parar para observar mais
profundamente, por um instante que seja, verá que isso é real, apesar de
doloroso.
O: Muito difícil abrir mão dessa
respeitabilidade, pois isso significa se atirar na solidão psíquica.
F: É mais fácil um camelo passar pelo
buraco de uma agulha, do que um indivíduo rico em respeitabilidade, entrar no estado
incondicionado de ser.
O: Quem quer abrir mãos das suas
muletas e seguir em carreira solo, rumo à terra da autonomia psíquica?
F: Exato! Veja, depois disto, não
há nada mais no que se agarrar, pois tudo é visto como folhas ao vento.
O: Só quem é pobre de doação
psíquica pode entrar no reino da autonomia psíquica, os que são ricos em
respeitabilidade, não conseguem atravessar essa porta.
F: Cruel, véio! Cruel! Mesmo a gente
tendo sentido aquilo que os conceitos não alcançam, isso aqui, arrebenta tudo.
O: A verdade é cortante como
diamante, mas também é doce como a flor de pessegueiro. Veja, a
respeitabilidade impede a originalidade... ela exige uma pose pré-estabelecida
pelo imaginal coletivo do clã específico.
F: Ela é a própria muleta imaginária,
transvestida de respeito. Aqui o imaginal aplicou o golpe.
O: A respeitabilidade gera
ajustamento, tanto para quem é respeitado, como para quem é o respeitador.
F: Fato! Exato!
O: Tudo que é envolvido pela
respeitabilidade, acaba virando algo parecido com aqueles almoços de domingo em
família, onde nada mais profundo tem espaço, só o politicamente correto, o
tradicionalmente aceitável.
F: Muito estranho isso, mas é a
mais pura verdade! Acabamos repetindo as mesmas coisas, fingindo que nunca
falamos sobre elas.
O: O seguidor limita a expressão
do seguido, já o seguido, limita a expressão do seguidor... Fica só o culto da
respeitabilidade, como bem canta o grupo Living Colour: “Look in my eyes, what
do you see? The cult of
personality… I know your anger, I know your dreams, I've been everything you
want to be… I'm the cult of personality. Neon lights, a Nobel Prize, Then a
mirror speaks, the reflection lies, You don't have to follow me, Only you can
set me free, I sell the things you need to be, I'm the smiling face on your
T.V. I'm the cult of personality, I exploit you still you love me.
F: Mas véio! Hoje reli todos os textos
dos últimos dias... Vou te dizer, tem de tudo ali... Acho que você precisa
colocar neles, o símbolo do Biohazard.
O: A respeitabilidade sempre gera
um tipo de lucro, que para nós, o mesmo lucro é visto como prejuízo. ... “You gave me fortune, You gave me
fame, You gave me power in your own god's name, I'm every person you need to be,
Oh, I'm the cult of personality”.
F: Sim. Muito forte tudo isso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário