19/12/2020

Não há como ser natural, numa a estrutura não é natural

Enquanto na estrutura condicionada, não há como ser autêntico

O imaginal sensorial é uma bomba de expectativas autocentradas

A distração com o imaginal é a exata natureza de toda confusão

A confusão nasce da identificação com o fluxo do imaginal condicionado

A clareza está na percepção do fluxo ilusório do imaginal

A estrutura do imaginal é um fluxo de hábitos mentais e emocionais

14/12/2020

A mente condicionada e a militância da iluminação

Sobre as não solicitadas e condicionantes invasões bárbaras

A observação passiva e o paradoxo do sonho lúcido

A observação passiva cria um fio terra no momento - parte 4

A observação passiva cria um fio terra no momento - parte 3

A observação passiva cria um fio terra no momento - parte 2

A observação passiva cria um fio terra no momento - parte 1

13/12/2020

O condicionamento de ter que fazer silêncio para se descondicionar

O grande truque do imaginal: e agora?

É possível ficar com a sensação sem os jogos do imaginal?

Como viver nesse mundo tendo descoberto a ilusão tão cedo?

Abrindo mão da descontrolada bússola do imaginal condicionado

O condicionamento do desabafo alimenta o imaginal

Filmes, músicas, livros e mestres não produzem libertação do oco - parte 2

13/10/2020

Observando a droga real que nos pedia por drogas sociais

A estrutura esquizofrênica e sua ilusão de conexão

Nada sabemos do Amor Transpessoal

Outsider: Você já começou a perceber, enquanto dorme, a ação do imaginal-sensorial, identificando-o como tal? Se ainda não, saiba que isso passa a ocorrer. Esta noite foi a experiência mais forte que já vivi disso: via todas as imagens e sensações ruins durante o sono, via que estava dormindo e que aquilo era a mecanicidade não solicitada do imaginal-sensorial. Tudo era identificado, tudo; inclusive, no próprio sono, identifiquei que aquilo era muito semelhante ao que ocorre no filme A ORIGEM... camadas cada vez mais profundas de observação. Enquanto não existe instalada a observação passiva não reativa (OPNR), somos como sonâmbulos, depois, quando estamos acordados, estamos dentro de um sonho, dormindo dentro de um sonho dentro de outro sonho. Antes da OPNR, nunca questionamos a realidade, mas, agora, sabemos que ainda estamos sonhando; sabemos que ainda não DESPERTAMOS na liberdade de nossa exata natureza incondicionada, que ainda estamos numa espécie de “coma induzido” por nossos condicionamentos. Podemos dizer que, com a instalação da OPNR, quando ela começa a ocorrer por si só, sem qualquer esforço de nossa parte, ela começa a se aprofundar em todos os momentos de nossa vida, produzindo assim um estado em que o próprio sono vai se tornando lúcido.

Num determinado momento do sono, eu estava num local com várias senhoras que falavam bem de um finado Guru, e eu lhes disse que elas não tinham observado bem a realidade, enquanto ao mesmo tempo eu observava que aquilo era parte do sonho que eu estava tendo. Agora o imaginal-sensorial é visto no instante que surge.

Felipe: Caracas! Está rápido!

O: Ainda fica um sentimento de peito sufocado, uma espécie de angústia por não saber o real sentido do dia, visto que não se apresenta nada que toque realmente. Na real, é percebido que nunca houve nada que tocasse realmente, mesmo no esporte ou sexo, era apenas EUFORIA. Nunca houve nada em que o AMOR estivesse presente. O esporte e o sexo, só aplacavam o tédio de modo eufórico, quando acabava, a insatisfação estava lá. Fica esse sentido da falta de uma percepção superior, a qual esclareça tudo de vez, e que nos faça INTEGROS. É o que percebo aqui, neste exato momento.

F: Faz sentido!

O: não havia amor nem no esporte e nem no sexo, aliás, o esporte era buscado porque o mesmo exaltava nossa personalidade complexada; era um ambiente onde a personalidade se sentia superior aos demais. Hoje, sinto-me como um estrangeiro, tanto nesta decadente sociedade, como dentro de mim mesmo; mas tudo isto é visto não de modo depressivo, mas com uma certa qualidade de lucidez não reativa. Existe a percepção de que não há real sentimento por nada, por ninguém, mas isso não é visto nem com culpa e nem com conformismo.

F: A culpa emerge mesmo!

O: A fase da culpa já passou, hoje não tenho mais, uma vez que compreendi que isso é a estrutura; se a estrutura colapsar, essa capacidade de interligação real deve estar ai.

F: A culpa ainda vem subindo bastante aqui.

O: só observe, e veja que não há como ser diferente.

F: Sim, faz sentido!

O: Por meio de uma observação não emotiva, fica fácil perceber que, quem se encontra funcionando por meio da mente adquirida, não sabe o que é amor, apesar de defender com unhas e dentes, que sabe o que é o amor, e que ama de verdade.

F: É um pensamento com teor de culpa apontando o nada; não é fácil, me sinto como se estivesse morrendo.

O: Quando você vê que a grande maioria não sabe o que é o amor, permanecendo as compartilhada simulação, e percebe que isso é natural, você passa a querer saber o que é a realidade do amor, a qual nunca é pessoal.

F: Faz sentido, isso ocorre aqui.

O: fomos condicionados a acreditar que amor é paixão; as historinhas infantis com seus príncipes e princesas, as músicas, as novelas e filmes, criaram essa INVERSÃO de percepção do que é amor e a culpa é esse condicionamento fazendo exigências descabidas da estrutura. A culpa, o condicionamento e a exigência é tudo a estrutura. Hoje é fácil perceber que a OPNR nos torna sociáveis, mas não seres amorosos.

F: Parece condicionamento, ideias... Nem me atrevo querer saber o que é o amor; momento aqui é outro.

O: Acabou isso também de estipular tempo, pois é visto como mimimi da estrutura. Aliás, quanto mais ficamos nos eventos sociais, mais conhecemos sobre a estrutura que funciona em todos que estão no evento; mais vemos com clareza o quanto nada sabemos do amor, o quanto que alimentamos imagens da sociedade, do outro e de nós mesmos.

F: Sim.

O: Não sou mais responsável em apontar a estrutura para os que estão no evento, mas me sinto responsável em sair da estrutura.

F: É bem por aí.

O: Uma vida estruturada nos condicionamentos sociais e pessoais, não vale a pena ser vivida. Tal mente nada sabe do amor, só sabe de apego, dependência e busca pela satisfação dos instintos adulterados. Fomos condicionados a acreditar que o amor está localizado na tal alma gêmea, com a qual SEREMOS FELIZES PARA SEMPRE. Esse é um dos maiores condicionamentos, e é ele que mais faz exigências de nós mesmos e dos demais. O amor não pode ser pontual, setorizado; no pontual, no setorizado, sempre haverá cálculo autocentrado.

F: É ele mesmo, um amor condicional, um amor exigente com base no cálculo autocentrado.

O: O fato é; NADA SABEMOS DO AMOR... Esse é o nosso oco... Sem o amor transpessoal, tudo é vazio, tudo é apego, dependência, insegurança e ilusória necessidade de controle... tudo é superficial, banal demais.

F: Isso.

O: Sem o amor real, é inevitável o forçoso exercício da simulação, do politicamente correto que sustenta nossa compartilhada hipocrisia.

F: Está claro demais.

O: Sem o amor real, é inevitável o mal-estar em qualquer lugar que você se encontre.

F: Mas fica claro que não sabemos nem o que significa... algo do tipo como se soubéssemos, não é?

O: Para nós, o amor é só uma desgastada palavra, com a qual tentamos apontar algo totalmente diferente do modo que somos. Você pode deixar de lado a palavra amor... use comunhão, integração, criação, liberdade, felicidade, compaixão... nada sabemos disso... sabemos o que não é isso.

F: Saquei: muito claro o que você vem apontando.

O: Nada sabemos do estado de incausado bem-estar.

F: Sim, a inquietude se instala logo que acordamos, até a hora de dormir, isso, quando nos deixa dormir.

O: Sabemos o que é o mal-estar do qual estamos sempre tentando fugir pelo cigarro, pelo álcool, pelas drogas, pelos joguinhos, pelos livros, sites e tudo mais que é criado pela estrutura... O é o estado que dispensa a vivência de tudo isso, é o estado sem fuga, é o real.

21/06/2020

O significado da autossuficiência psíquica


Se você observar bem, constatará que aquilo que chama de educação, nada mais é do que, a transferência do mecanismo do pensamento condicionado. O que ela mais lhe condiciona, é para o domínio de uma técnica qualquer, através da qual você consiga um rentável e seguro emprego, ou possa fazer uso do conhecimento, para a própria satisfação e reconhecimento parental e social, para progredir conforme o padrão de sucesso, condicionado pela propaganda social, política e religiosa. Sendo a primária educação, um processo transgeracional de condicionamento, de modo algum ela pode criar indivíduos fortes, amorosos, integrativos, criativos e psicologicamente autossuficientes.

Portanto, o que você mais precisa compreender, é o significado da autossuficiência psíquica. Talvez, por meio de tal compreensão, o exercício diário de alguma técnica de especialização profissional, possa ter seu real valor. Mas apenas cultivar uma capacidade técnica, sem compreender o que é autossuficiência psíquica, só conduz à limitação, à divisão, à destruição, à maiores guerras, e é exatamente isso que continua acontecendo atualmente.

Para que exista autossuficiência psíquica, a primeira coisa necessária é a total ausência do medo, não apenas o medo forçosamente introjetado pelo parental-social, mas também o neurótico medo da excessiva preocupação consigo mesmo. Você pode ter um ótimo emprego e escalar o sucesso; mas se houver ambição e esforço para ser alguém, o medo estará presente. Se você observar, constatará que mesmo o homem financeiramente bem-sucedido, dotado de reconhecimento social, não é psicologicamente autossuficiente.

Assim, o medo condicionado pela tradição moralista, pela chamada responsabilidade em cumprir os padrões éticos da sociedade, ou o seu próprio medo da morte, da insegurança financeira, do desamparo afetivo e emocional, da doença, tudo isso impede o libertário estado de autossuficiência psíquica.

Desse modo, enquanto existir qualquer espécie de compulsão interior ou exterior, não existirá autossuficiência psíquica. E a compulsão surge quando em você está presente, o impulso para viver em conformidade com os padrões morais da sociedade, ou com os padrões criados por você mesmo, sejam eles bons ou não. O pensamento condicionado, que é produto do passado, da tradição, daquilo que se acredita ser educação, de toda a experiência pessoal incompleta e incompreendida que provém do passado, é que cria o padrão moral.

Portanto, enquanto existir qualquer forma de compulsão governamental, religiosa ou pessoal, pelo desejo de satisfação e prestígio, você não pode recuperar o libertário estado de autossuficiência psíquica. Não é fácil promover a recuperação de tal estado, e tampouco entender o que ele significa. Mas você pode ver que, enquanto existir qualquer espécie de medo, não pode saber o que é a incondicionada liberdade.

Existindo medo, compulsão, tanto individual quanto coletiva, não pode existir autossuficiência psíquica, amor, felicidade e genuína criatividade e comunhão. Você pode especular a respeito da autossuficiência psíquica, mas ela, de fato, nada tem que ver com suas ideias e especulações sobre a mesma.

Sendo assim, enquanto você estiver buscando qualquer espécie de segurança, e é isso que a maioria dos indivíduos querem, enquanto você estiver procurando a permanência de qualquer zona de conforto, não poderá deixar de se sentir ansioso, e com uma vida em estado de limitação. Enquanto, individual e coletivamente, o indivíduo buscar por segurança, obviamente haverá a permanência dos seculares conflitos, os quais, ocorrem atualmente no mundo.

Só pode existir autossuficiência psíquica, quando você compreende todo o processo do desejo de segurança e permanência, desejo esse que você busca realizar, com ajuda de seu deus e dos novos tipos de exploradores consultores. Você busca por segurança em suas relações sociais e na escolha de seus governantes; eis por que você atribui a seu deus, a segurança máxima, algo que está acima de si mesmo; você reveste aquela imagem com a ideia de que, sendo uma entidade efêmera, pelo menos num imaginado lar celestial, encontrará permanência. E assim, você começa desejando ser permanente através da religião, e todas as atividades que realiza, políticas, religiosas e sociais, quaisquer que sejam, baseiam-se nesse desejo de permanência, de ter segurança, de se perpetuar através da família, da nação, de uma ideia, ou através dos filhos. E como você pode ter a integrativa e criativa liberdade da autossuficiência psíquica, se consciente ou inconscientemente, está sempre buscando por permanência, segurança e prestígio?

O fato é que você não busca a verdadeira liberdade; só está em busca por melhores condições de vida, por melhor prestígio, através do qual possa alcançar maiores conveniências para si e para os seus. Você não quer liberdade; só quer condições melhores, mais elevadas, mais nobres, e a isso você chama de educação. Mas tal educação nunca promoveu e nunca promoverá a paz e a igualdade no mundo, visto que a história já nos deixou isso bem claro. Ao contrário, tal educação está criando cada vez mais separação, preconceitos, guerras e misérias. Enquanto você alimentar a separatista moral estabelecida, assim como o nacionalismo e seus símbolos, só provocará rivalidade para si mesmo, para seu próximo e para a nação.

Em vez de um ser humano integrado, criativo e livre, você é um indivíduo com um modo de pensar fragmentado, imitativo e dependente; suas atividades são fragmentadas, dispersivas, desintegradas, e você está sempre brigando e alimentando intolerância. Esse é o resultado da chamada educação e liberdade, a qual você busca e forçosamente tenta transmitir para os seus. Você diz que está religiosamente unido, mas na verdade, você está sempre em luta com os demais, destruindo-se mutuamente, pois você, por estar condicionado, não percebe a totalidade do viver, visto que está interessado apenas com a segurança no futuro, ou em conseguir um emprego melhor e mais rentável. Enquanto você pensa assim, de modo direto ou indireto, compactua na perpetuação das guerras, da miséria, da destruição, dos preconceitos e das diferenças de classes. Pensando estreita e regionalmente, você jamais estará seguro, nem seus filhos, embora deseje estar em segurança. Enquanto você insistir nesse imaturo modo compartilhado de pensar, sempre estará ansioso, insatisfeito, limitado e conflitado.

Enquanto você se preocupar apenas com uma vida melhor, com mais segurança, mais satisfação, com emprego garantido, posição assegurada, tanto religiosa quanto politicamente, não poderá criar um mundo novo, nem poderá ser um indivíduo realmente religioso, inteligente e genuinamente criativo, e a imitação será sempre seu modo de ser. Apesar de criticar os políticos, assim como eles, você só pensa em resultados imediatos. E enquanto você entregar o mundo aos políticos, compactuará com a destruição, guerras e miséria. Você é o responsável pela criação de um mundo novo, e não os seus confusos e corruptos líderes políticos e religiosos; trata-se da sua responsabilidade individual.

No entanto, você não pode buscar por autossuficiência psíquica. Ela só nasce quando não existe medo, quando existe amor no coração. Você não pode ter amor enquanto alimenta incertas certezas emprestadas, o nacionalismo ou algum sistema de crença organizada. A autossuficiência psíquica só nasce, quando você não procura mais por segurança para si mesmo, quando não busca por doações psicológicas de terceiros, nem na tradição, nem no conhecimento.

Uma mente adulterada ou sobrecarregada pelo conhecimento, não é psicologicamente autossuficiente. Você só é psicologicamente livre, quando é capaz de enfrentar a vida a cada momento, de enfrentar a realidade que todo incidente, todo pensamento, toda emoção e toda experiência revelam. E essa revelação se torna impossível, quando a mente é adulterada por suas memórias psicológicas, as quais sustentam, manias, traumas e tendências.

Cabe a você, a criação de um novo e diferente ser humano, sem medo, autoconfiante, que possa fundar sua própria sociedade, totalmente diferente da atual que está baseada no medo, na inveja, na ambição, na corrupção e na dependência de autoridades externas. A autossuficiência psíquica só pode ser recuperada, quando surgir a inteligência, ou seja, a compreensão da totalidade do mecanismo mental-emocional e, em consequência, do total processo da existência.

Texto adaptado dos ensinos de Jiddu Krishnamurti

19/06/2020

O eu ilusório é um produto social

Somos impotentes diante dos pensamentos e emoções

Cruzando a ponte do condicionado vir-a-ser


Como você pode se transformar, produzir a mudança radical do vir-a-ser para Ser? Como você pode conhecer esse estado de Ser, que é virtude e liberdade, se você está no vir-a-ser e, portanto, vive se esforçando, lutando e batalhando consigo mesmo?

Durante anos você foi condicionado para se tornar alguma coisa: para não ser isso, e se tornar aquilo. Como você pode colocar de lado tal condicionamento, e abandonar a luta e apenas Ser?

Quanto mais você luta para conseguir aquilo que condicionou ser retidão, obviamente, tanto mais se fecha em si mesmo, e no isolamento, não existe liberdade.

Portanto, você só pode fazer uma coisa: ficar passiva e penetrantemente consciente, do seu processo de vir-a-ser. Se você é superficial, limitado, dependente e não criativo, precisa estar passivamente consciente dessa inquietante condição de ser, sem lutar para vir a ser algo diferente disso.

No momento em que você luta contra tal condição percebida, dá ainda mais importância ao limitado esforço pessoal e, assim, fortalece o muro de resistência, o qual sua moral condicionada, enxerga como retidão. Mas, para quem é moralista, a verdade nunca chega. A verdade só pode vir para quem é livre, e para você ser livre, não pode cultivar o condicionamento da moral, a qual é tida por retidão.

Portanto, você tem de estar consciente desse constante e sempre limitado esforço pessoal, apenas consciente, sem lutar nem condenar, e se estiver realmente atento, passivamente consciente e em constante vigilância, tranquila e rapidamente, verá cair por terra as condições que causam a limitação, sem qualquer necessidade de esforço de sua parte; você verá surgir a ordem que não é retidão, nem ajustamento e nem isolamento.

A Liberdade que é virtude, não é uma coisa fechada, e é só nela que pode nascer a verdade. Por conseguinte, é essencial ser virtuoso, e não seguir a condicionada moral estabelecida, pois é a virtude que traz a ordem.

O moralista é um ser confuso, está em conflito, desenvolvendo a vontade como meio de resistência, e o moralista conduzido pela vontade, jamais encontrará a verdade, porque nunca está livre. O Ser é que gera a virtude na qual existe liberdade, o Ser é ver, aceitar e viver o que é, sem tentar nenhuma espécie de transformação, nem condenação.

Só quando a mente já não se identifica com a memória psicológica, quando não busca mais a retidão moral como forma de resistência, só então existe liberdade, e com essa liberdade é que vem a realidade, cuja bem-aventurança você tem de experimentar.

Mas o fato é que você, assim como a grande maioria, tem enorme medo de ser livre, medo esse que é uma grande tolice. Liberdade implica inteligência, amor, não-exploração, não-submissão a terceiros e nem a própria vontade pessoal condicionada.

A liberdade implica extraordinária elevação do nível da razão, a qual é virtude. A retidão moral é sempre um processo de ajustamento, de isolamento, visto que o ajustamento, o isolamento e a retidão se completam, enquanto a virtude e a liberdade coexistem.

Você precisa se tornar consciente de que o descondicionamento de seu mecanismo mental e emocional, não é algo a ser alcançado no futuro, mas sim no agora, e se você adiar o descondicionamento para amanhã, atrairá a confusão, estará preso na onda da ansiedade, da inquietude e do sofrimento.

O descondicionamento é agora, e não amanhã, pois a percepção libertária só se dá no presente. Agora você não tem tal qualidade de percepção, porque não coloca todo seu coração, mente e atenção, naquilo que deseja compreender. Se você colocar o coração e a mente para compreender, compreenderá e se libertará de tudo que o limita.

Se você der seu coração e mente para descobrir a exata natureza das suas limitações, se estiver plenamente consciente de sua natureza, desde já você se verá livre e ilimitado.

Infelizmente, você já condicionou tanto a mente com o conteúdo de programações espiritualitas ou religiosas, e com a condicionada moral social, que se tornou incapaz de olhar diretamente, a exata natureza de onde nascem todas suas limitações, e é nisso que está a sua dificuldade.

Sendo assim, a percepção libertária está sempre no presente; nunca no futuro. A percepção libertária é agora, e não nos dias futuros. E a liberdade, que não é isolamento, só pode surgir quando você compreende sua responsabilidade em relação ao todo. 

Roteiro adaptado dos ensinamentos de Jiddu Krishnamurti

17/06/2020

Carecemos de integrativa e criativa Lucidez

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Out: Estamos percebendo a estrutura, que sempre esteve aí, funcionando sempre nesse mesmo modo: inadequação, falta de sentido e de comunhão com a vida, em qualquer forma de manifestação.

F.: Out, isso é o que está sendo visto aqui. Não tem como negar, nem como não ver.

Out: Isso ocorre não só com você, mas com o resto da humanidade.

F.: Entendi, hoje é bem claro que é isso.

Out: a diferença é que você está vendo e se permitindo SENTIR.

F.: Melancolia é o que é visto e sentido

A.: Sem espontaneidade

Out: Tudo o que fazemos (fora o que é para a real sustentação do corpo), nada mais é do que uma forma de fuga de si mesmo, através de atividades não essenciais. Não conseguimos sentar e, apenas, SER... pois a inquietude não deixa.

F.: sem fuga.

Out: Por causa da constante inquietude, inventamos o que comprar, o que fazer, o que consumir, o que assistir, com quem conversar... tudo, menos, sentar e ser com a inquietude; vamos tentando dar sentido a um modo de ser que é percebido sem sentido, pelo fato de não ser holisticamente sentido.

F.: Eu vejo que o processo permitiu isso: nos deixar com a inquietude. Já não conseguimos mais ler nem assistir nada.

C.: Sim

Out: Não é que não conseguimos... É que não faz mais sentido.

F.: Não faz. mas, não vejo que há o que fazer. Sinceramente, não encontro uma atividade que permita algo de novo; não saímos mais fazendo por fazer.

Out: Chega-se num ponto, em que precisa ocorrer “algo além” do observador.

F.: Tudo se mostra mais do mesmo, portanto, não dá!

Out: Precisamos de uma percepção além do condicionado percebedor, pois é percebido que toda percepção é sempre limitada aos nossos condicionamentos.

F.: É o que é, vero!

Out: Precisamos de algo fora do eu, ou dos “eus” (D-eus); a vinda do que é chamado de “espírito santo” (não adulterado).

F.: Você tem razão e, no momento, temos que ficar com o que se tem.

Out: Precisamos do que chamam de “a salva-ação”, ou seja, a revelação daquilo que tira a ação, da antiga ação que, em última análise, é uma forma de escapismo; algo que coloque a ação em seu real propósito de ser. Fora disso, toda ação não é ação, mas sim, reação; e como já vimos, toda reação é uma ação em ré, portanto, só cristaliza o viver na limitação e na inquietude.

F.: fundo de medo, ansiedade e inquietude; o sentimento gira nisso.

Out: Portanto, sem o que chamamos de "integrativa percepção libertária", permanecemos adictos de um inquietante e incompleto modo de perceber a realidade, atividades, acontecimentos e relações.

F.: A percepção de que o medo toma grande parte.

Out: O medo se dá pela estrutura estar vendo ameaçado, tudo aquilo que ela construiu, de inconsciente e inconsequente, para se proteger, para se autoafirmar como realidade.

F.: isso: autoproteção da imagem.

Out: Mas qualquer coisa feita pela estrutura, neste momento, é outra forma de proteção para se autoafirmar, para se proteger, para se assegurar.

F.: Isso está muito claro, assim como de que não há o que fazer!

Out: só a integrativa percepção libertária, tem o PODER SUPERIOR de tornar nova todas as coisas.

F.: Interessante: nem morrer sou capaz!

Out: O querer morrer, é uma forma de querer se autoafirmar em outro mundo.

F.: Isso está bem claro também: nem morrer para a estrutura.

Out: Isso é a própria estrutura querendo se autoafirmar em algo que ela projeta não ser ela mesma. Isto é XEQUE-MATE!

F.: É!

Out: Vamos subir dois filmes hoje, que mostram bem essa questão. Nossa educação fez de nós seres psicologicamente dependentes, calculistas, separatistas e usuários. Isso fez sentido durante um tempo, e agora, com o esclarecimento de que isso é um modo insano de viver, não faz mais. No entanto, carecemos de LUCIDEZ isenta do cálculo autocentrado e, sem ela, tudo que fazemos, retroalimenta o cálculo e a medição.  Portanto, a limitação, o vazio, a total ausência de comunhão. Chegamos com isso, num modo moral de ser... mas a moral, só impede o conflito externo, não tem poder de acabar com o conflito interno, e quando este se amplifica, dá-se a recaída no padrão moral. É preciso algo que nos leve muito mais além da forçosa e titubeante moral. Para chegarmos até o presente modo de perceber a realidade, algo se manifestou em forma de ferramenta depuradora da percepção. Esse algo estava sempre no externo, mas agora, o externo foi percebido como limitante. Agora, o algo tem que ser interno, nisso que somos; fora disso, só perpetuamos o ciclo de ilusão, limitação e sofrimento, tanto para nós, como para os demais que nos cercam.

Carência de liberdade mental e emocional, carência de criativa e integrativa lucidez. Não dá mais para imitar, não dá mais para simular, e não dá mais para fingir acreditar na simulação alheia, pois está tudo desmascarado. A estrutura sempre será insegura, sempre preocupada consigo mesma, sempre intranquila, limitada e imitativa, sempre com fortes tendências de ajustamento, e no ajustamento, não há como ter liberdade expressão. Sem liberdade, é um viver pisando em ovos.

F.: Por aí não dá mais! É só observar, ver como é, como funciona e pronto: Impotência! Não tem o que fazer. E vimos que não tem nem quem faça o que... já tentamos na prática, e não adiantou... Ilusão de controle, de escolha e de decisão.

A: Exatamente! Na mosca!

07/06/2020

Não há libertação, sem educação do eu progressivo



O eu progressivo, que não está em perfeita harmonia com o Eterno, acha-se em oposição às condições sociais. Após ter-se harmonizado com o Eterno, aparece como estando ainda em oposição, apesar de estar exprimindo as mais profundas necessidades da sociedade.

Enquanto o eu não estiver em harmonia com o Eterno, esse eu deve estar em conflito com as condições sociais; porém, uma vez que este eu progressivo, tenha atingido a harmonia, visto que possua uma aparência, de estar em conflito com as condições sociais e econômicas do mundo, expressará as mais profundas necessidades da sociedade.

Quando você, como indivíduo, ainda não se acha em harmonia com o Eterno, naturalmente tem que se opor, tem que se achar em conflito, com todas as circunstâncias exteriores. Você estará em revolta, com todas as coisas que superficialmente, lhe forem impostas pela autoridade, pelo medo, e por meio da ambição.

Se você se achar em revolta com essas coisas não-essenciais, que a sociedade, as condições sociais, e que a humanidade lhe impõe, quando essa harmonia com o Eterno for estabelecida, você se achará ainda mais em revolta.

Você, porém, não está ainda em revolta, nem mesmo com as coisas ordinárias! Você se amedronta, não se acha, realmente ansioso. Você se acha ansioso por coisas, que na realidade, não têm nenhuma importância. Você tem se tornado sábio... em coisas infantis.
Temos que criar homens fortes, que estejam em revolta, por se acharem harmonizados com o Eterno, que é algo muito maior e muito mais formoso, do que se achar em revolta por estar em desacordo. Quando você estiver harmonizado, então desejará modificar as pessoas, mudar todas as coisas, então possuirá a chama que arde nitidamente.

Necessitamos de uma dúzia de pessoas, que se achem ardorosas acerca desta coisa, não acerca de seus pequenos deuses e velas, suas particulares e pequenas profissões de fé. A fim de se estar verdadeiramente em revolta, para possuir esse êxtase de propósito, que nasce da harmonia com o Eterno, o eu progressivo precisa estar em revolta com todas as circunstâncias externas, o que significa constante apercebimento, e cautela consigo mesmo.

A vida não tem voz, e essa voz interna, é uma resultante das suas experiências. A vida o deixa progredir solitariamente, em direção à vida, — ao todo. Ela não se preocupa com indivíduos. Não pense que isto seja um dogma cruel. Se a vida se preocupasse consigo, você seria perfeitamente diferente, seria um ser emocional, mental e psicologicamente perfeito. A voz interna é o resultado, o produto da sua experiência, a qual é intuição.

A visão da substância do Eu Eterno, assim como a do sol, não vem como um lampejo, ou passo a passo. O sol não sobe repentinamente ao ponto mais elevado do céu. Assim como a primavera, não vem com toda a sua tenra folhagem, numa explosão. E a treva, não desce subitamente sobre você.

Você quer que essa visão, lhe venha subitamente. Quer que subitamente, ela se revele para você, mas não pode ser desse modo. Ao contrário, é um processo contínuo, incessante — um soerguer de sombra após sombra, um suceder de luz após luz, dor após dor, e prazer após prazer.

Sem olhar ao seu grau de entendimento, seguramente, é somente do eu progressivo que você é consciente, e não do Eu Eterno.

O progresso real começa somente depois de uma completa separação, de todas as coisas não-essenciais, quando o eu progressivo, começa a se retirar para dentro do Eu, o qual está fora do tempo. Você se afasta de todas as coisas não-essenciais, pelo fato de reconhecer a estupidez, a infantilidade de todas essas coisas. Você chega a esse estágio, pelo pensamento, pelo sofrimento, pela pesquisa, pelo estudo, e pelo fato de sentir com profundidade.

Antes de se atingir a libertação, é possível educar o eu progressivo. Depois, não há mais que educar o eu. Ainda lhe digo, mais uma vez, que você alimenta a esperança de encontrar um caminho, em que possa agora, evitar a educação do eu progressivo.

Oh, você não sente ardor nestas coisas!

04/06/2020

É preciso observar a própria tristeza e a razão do viver



É preciso que exista mudança no processo de pensar, uma constante renovação da mente. Assim como cada dia é gracioso e novo, assim também, para entender o processo da vida — no qual reside a verdade, e em mais nenhuma parte — você deve possuir uma mente que continuamente esteja mudando e buscando, e continuamente alerta, sem permitir que passe um incidente único sem que ele lhe proporcione sua plena riqueza.

Falamos daquilo que é o desejo de todos. Não falamos a respeito de certa coisa misteriosa ou proporcionando-lhe uma revelação, pois que a revelação se torna sistema de crença organizada. A partir do momento em que existe um mistério implícito, sem real entendimento, surge o medo. Se você examinar a vida em sua pureza, ela responderá a todo o chamamento, replicará a toda a necessidade, e lhe dará o pleno significado de toda a luta.

Para chegar a uma tal posição, você deve depositar corretamente, por si mesmo, aconteça o que acontecer, sob quaisquer circunstâncias. O que colocamos diante de você deve ser seu, a fim de que essa segurança jamais possa ser abalada. Ninguém pode contestar o fato de o seu semblante, o seu nariz, os seus olhos, serem de um modelo particular. Você os conhece muito bem. Todos os dias os enxerga quando penteia o cabelo. Você os vê constantemente, apanha seu reflexo, e ninguém pode abalar sua confiança naquilo que sabe. Do mesmo modo precisa saber, se assegurar, sem sombra de dúvida, de que o que lhe estamos dizendo é seu. De outro modo quem quer que seja pode vir e derrubar-lhe. A partir do momento que você esteja certo — não de modo meramente intelectual, o que não tem valor, porém certo com essa certeza que produz resultado nas expressões da vida diária — então essa certeza tem valor. Esta certeza será sua, e ninguém poderá lhe arrebatar. Ela é filha da sua própria experiência, do resultado de sua tristeza, e de sua busca. 

Não estamos inventando coisa alguma. Estamos expressando em palavras o que reside oculto no coração de cada ente humano. Isto deve estar relacionado com a vida, e não longe ou separado dela, pois sustentamos que, na harmonia dessa vida — a qual é você mesmo — e no atingir dessa harmonia, reside o processo da verdade. Na aquisição dessa harmonia, dessa estabilidade, dessa realização da incorruptibilidade do eu, reside a verdade que cada homem, tal qual você, está continuamente buscando, seja inconsciente, seja conscientemente. Nisto não pode haver revelação. A partir do momento que você cria um elemento de mistério, do que está sendo exposto como algo secreto, surge toda a gama de desentendimento, de superstição, de algo estranho a você mesmo, do qual você passa a depender. Estamos explicando o processo da vida, que cada ente humano está lutando para expressar e compreender. Se este entendimento lhe pertencer, se intuitivamente você sentir que ele faz parte de sua vida, então estará certo, então nem um milhão de pessoas lhe pode abalar, nem o podem as escrituras, nem mesmo os livros sagrados, podem alterar sua percepção.

Você como indivíduo, está a todo instante se rodeando de irrealidades. Você na irrealidade, e, pelo fato de a irrealidade ser treva e ignorância, você inventa luzes para iluminar essa treva. O propósito do homem inteligente é colocar em evidência as várias ilusões que cercam os homens, e auxiliá-los a destruí-las. Este é o nosso propósito. À medida que a civilização — que definimos como a expressão da cultura, e a cultura como beleza única do eu —se torna mais e mais complexa, a irrealidade se acrescenta. O homem é colhido por essa irrealidade, e é nessa escuridão que ele necessita de luz. Ele quer encontrar a verdade; e não o consegue, porque a verdade repele tudo quanto não for de seu próprio caráter.

Não estamos em busca de concordância, mas sim, de entendimento. A partir do momento em que você compreender, começará a viver, o que é infinitamente maior do que a concordância. Por isto é que pretendemos que você alcance o significado do que estamos dizendo. Nosso objetivo é salientar as irrealidades que para você se tornaram reais, e fazer-lhe compreender. Não que queiramos lhe forçar, porém, ao contrário, queremos lhe fazer verificar, por você mesmo, as irrealidades, de modo que você possa desenvolver suas próprias capacidades de discernir aquilo que é efêmero, e aquilo que é real. Quando você por tal modo se assegurar, quando assim houver se certificado, então não inventará mais irrealidades de sua cabeça. Você pode ver através de muitas irrealidades, muitas coisas passageiras, porém, se possuir certeza, será sempre capaz de discernir e de rejeitar, de aceitar e negar. Quando estiver certificado, então será o tempo de semear. Quando estiver seguro, e com prática, então será tempo de edificar; pois que, então, você edificará em seu próprio entendimento da verdade. E a desenvolverá em sua própria uniqüidade e não por meio da uniqüidade de outrem. Porém, esta capacidade para entender a vida, só pode vir quando você estiver certo. Nós lhe falamos de tudo isto, porque nós o atingimos. Não se trata de uma força misteriosa que penetre em um ser humano, e altere integralmente a sua atitude de mente e de coração; é uma luta constante para reajustarmos a nós mesmos, um constante esforço para distinguir o efêmero e o irreal, do duradouro e do real, para descobrir a verdade na falsidade, e a beleza na feiura.

Mantendo em mente que você precisa estar seguro sobre qual é o propósito da vida, certo por você mesmo, e para além de toda a sombra de dúvida, sob este ponto de vista examine o indivíduo. Somente nos preocupamos com o indivíduo, visto que na presente civilização, o grupo se esforça por dominar o indivíduo sem se preocupar com o seu crescimento. O que é importante é o indivíduo, visto que se o indivíduo for nítido em seu propósito, se estiver seguro, certo, então cessará a luta contra a sociedade. Então, ele não será dominado pela sociedade; e será livre e independente da sociedade, da moral, da estreiteza, das convencionalidades de sociedades e grupos. 

O indivíduo é o universo inteiro, ele é todo o mundo e não parte dele, o indivíduo é todo-inclusivo, não todo-separatista, porque o eu em cada um está continuamente fazendo esforços, experimentando em diferentes direções; porém, o eu em você e em nós, e em centenas de outras pessoas, é o mesmo, visto que as expressões possam variar e tenham de variar.

O indivíduo é o foco do universo. Desde que não entenda a si mesmo, em toda a plenitude, você pode ser dominado, controlado, guiado, auxiliado, impelido, colhido pela roda da luta contínua. Assim, você deve se preocupar com o indivíduo, isto é, consigo mesmo. Absolutamente, não estou empregando um ponto de vista egoísta. Experimente com aquilo que você próprio entender ser verdadeiro, e não com aquilo que os outros dizem.

No indivíduo, — isto é, em você mesmo — existem dois elementos: o progressivo, e o eterno. O eterno é o acúmulo de suas experiências, que é também o acúmulo das experiências de todos. Visto que, ainda que as experiências possam variar em expressão, o resultado das experiências, é o mesmo em sua essência. Por exemplo, a experiência da cólera... — um homem pode ter a experiência de um modo, outro de outro modo, mas o resultado da experiência no crescimento será o mesmo. Você está constantemente acrescentando este eu eterno, por meio das experiências incidentais do eu progressivo, e pelos resultados dessas experiências. Isto é, você está trazendo o eu progressivo à união com o eterno, sendo que o primeiro depende dos incidentes de cada dia, que é o resultado de suas experiências e que, uma vez mais, é o eterno em todos.

Isto não é muito complicado nem difícil de compreender. Repetimos que existe, em cada ente humano, esse elemento resultante da experiência acumulada, que é eterno. Depois existe esse outro elemento que é progressivo, que está procurando a todo o instante transformar tudo que o rodeia, todo o incidente, todo o acidente, todo o pensamento, no eterno. O progressivo, por meio da experiência, esforça-se por absorver realidade no transitório, procura a beleza no feio, a verdade no falso. O eterno é o que chamamos libertação, essa parte de você que está absolutamente liberta. Isto é uma analogia, não corra para tornar isto uma coisa morta. Existe o resíduo da experiência que lhe proporciona certa liberdade, que não exige experiência ulterior da mesma espécie, e, daí, essa parte de você se achar liberta e pertencer ao eterno, o eterno de todas as coisas e de todos.

Se o seu eu progressivo não estiver em união com o eterno, manifesta-se a tristeza, dá-se a luta, o constante julgamento, o constante combate, a constante busca atrás do que é real. Assim como um pássaro abre caminho através de um vale, através da cidade barulhenta, e retorna sempre ao seu lar, assim, se o seu eu progressivo conhece o eterno, pode vaguear através de todos incidentes e acidentes da vida, e absorver o eterno. Isto é o que você está se esforçando por fazer na vida. Nada existe de misterioso a este respeito, não se faz necessário pensamento metafísico. Por meio dos fenômenos e da expressão, o eu progressivo está tentando encontrar o que possa acumular e, por meio de tal, tornar-se a si mesmo eterno. Enquanto existir este abismo entre o eterno e o progressivo, naturalmente este abismo cria uma exigência contínua de preenchimento, e o processo de preenchimento é luta, busca, experimentação, todas as mil e uma coisas da vida, porque somente pela vida você pode encher esse abismo, tornar o eu progressivo em eterno, afim de que toda a luta cesse.

Somente pela luta vem a cessação da luta. Não é se afastando deste mundo, que é expressão do eu, que você encontrará o progresso e o crescimento do eu. Porém, se o eu progressivo não souber o que é eterno, então você será semelhante a um navio sem leme, como um pássaro sem ninho, como a águia que não tem seu lugar de habitação no cume da montanha, longe do tumulto, longe da luta incessante. Por isso é que você necessita encontrar por si mesmo, segura, certamente, sem sombra de dúvida, o que é durável. Dizemos que o eterno é vida; e por esta, entendemos a vida do pensamento que é razão, e o afeto que é equilíbrio. Enquanto sua vida individual estiver ligada à experiência, não pode ocorrer o atingir da verdade, porém, a partir do momento que você tenha atingido a harmonia do eu, existe verdade, libertação e, eternidade. 

Enquanto se encontrar em processo de atingir, você afirma, e, no afirmar, cria tristeza. Você tem que afirmar, não pode fugir a isso. A afirmação é da própria essência do eu, e você não pode fugir a essa afirmação, afastando-se do mundo. Enquanto estiver incerto quanto a essa realidade, o eu progressivo nada possui para poder se guiar. Então você, como indivíduo, estará sem lar, vagueando daqui para ali, abatido por toda a experiência, sem recolher para si mesmo a essência de toda a experiência, a qual o levará a uma meta definida. Assim, você necessita encontrar por si mesmo esse ser constante, no qual não existe nem luta, e nem estagnação; e isto somente pode ser feito pela libertação da vida que está aprisionada, em uma prisão na qual vive todo o indivíduo.

Você só pode tornar o progressivo no eterno, dominando todo o incidente diário. A partir do momento que entender isto, você começará a se tornar seguro. Ninguém mais pode lhe guiar para essa certeza, ninguém pode lhe prestar assistência na extração da essência de toda a experiência, a não ser você mesmo. O eu não pode chegar ao eterno enquanto estiver prisioneiro das garras de todo incidente, que é o caso que se dá com cada ente humano. Jamais pode haver tranquilidade ou pleno conhecimento, sem o entendimento do eu, pois o entendimento do eu é conhecimento. Quando você compreender que, por meio de todo o incidente da vida, o eu progressivo absorve toda a parcela de experiência, somente disso nascerá a verdadeira autodisciplina. 

Na maioria dos casos é o medo que estimula a autodisciplina — medo do pecado, das convenções, medo do que os amigos, sociedades e comunidades possam dizer. Ou por meio da crença organizada, que é também uma causa de medo, você começa a se disciplinar. Isto, mais uma vez é errado, pois a partir do momento que exista um elemento de medo, este não pode conduzir à verdadeira autodisciplina. A disciplina imposta do exterior, não tem valor e não é eterna. Somente pelo entendimento, você poderá possuir a verdadeira autodisciplina. A autodisciplina deve nascer do amor à vida, pois que esse amor assegura a incorruptibilidade. De um tal entendimento, à luz do eterno, você começa a impor disciplina a si mesmo. Uma tal disciplina tem valor por não existir nela elemento de medo. Não se pode chegar à libertação, à perfeição da vida, senão por meio da autodisciplina, imposta sobre si mesmo com entendimento.

Em lugar de discutir tantas coisas desnecessárias e inúteis, que não têm valor, em lugar de disputar a respeito de gurus, cerimônias, crenças organizadas, que são teorias vagas, gostaríamos que você fizesse uma coisa que entendesse; e por esse entendimento sua visão integral da vida mudaria. A disciplina imposta a si mesmo, é seu único desenvolvimento: você desenvolverá sua mente e sua vida de maneira perfeitamente diferente da nossa, e, no entanto, o resultado será o mesmo, e sua auto-expressão não poderá entrar em conflito com a nossa.

A maioria concorda intelectualmente que é uma possibilidade; porém, não existe mudança no coração. Você não se acha em tristeza, na desgraça, na luta, consciente ou inconscientemente prisioneiro de irrealidades? Você desconhece sua própria tristeza. Ignora até que ponto é prisioneiro em sua cadeia, e, enquanto você não o souber, é inútil escutar sobre a verdade e a libertação. É necessária uma mudança no coração, e o modificar do coração deve proporcionar-lhe uma nova expressão da vida — e não uma teoria puramente intelectual. Deve haver completa cisão, você deve tornar-se um perigo para todas as coisas que estreitam, para todas as coisas que criam prisões. O que você está fazendo no presente? Somente balança as grades de sua prisão, pensando que por esse modo, os homens estão sendo libertados por você...

Sua inspiração, se a quiser, deverá ser o impulso, o entusiasmo para os modificar. Se você não se modificar, seu entusiasmo será destituído de valor, e você não poderá ter o mérito da persistência. Quando existir tal mudança de coração, existirá expansão — expansão por meio do entendimento, não por meio do medo — e à medida que você se expandir, estará completamente buscando beleza, tanto na forma como também na verdade, beleza nos fenômenos, bem como naquilo que todos os fenômenos criam. Assim, você modifica seu ambiente, suas roupas, a totalidade da vida.

Não estamos lhe falando de um ponto de vista superior, ou de uma atitude diferente de pensamento. Não estamos pregando coisa alguma que não tenha sido elaborado mentalmente, e que não se tenha lutado e feito sacrifícios para ser atingido. Falamos daquilo que experimentamos, e não se trata de uma revelação. Dizemos que o que atingimos, cada ente humano precisa atingir, não é unicamente privilégio nosso, isso porque todos estão em tristeza, todos lutam, todos buscam inspiração, todos tentam isto e aquilo, sacrificam, renunciam inutilmente, desnecessariamente, e sem entendimento. Existe a autodisciplina sem entendimento, a meditação, a concentração — todas essas coisas sem entender o significado da vida; e sem este entendimento, tudo o que você fizer, somente acrescentará o caos já existente, às lutas já existentes.

Em primeiro lugar você necessita compreender qual o significado, o propósito da vida e, desse entendimento, provirá a harmonia da razão e do amor. Por este entendimento, todas as coisas se tornarão claras, e você possuirá um imenso entusiasmo. Não falamos por busca de popularidade, dinheiro ou culto, pois essas coisas não têm significado para nós. Queremos entendimento, porque o entendimento muda por completo a visão da vida. Não queremos que você concorde, porque, na concordância não existe libertação; porém no entendimento existe a vida, existe mudança contínua, e desta, surge o êxtase, o entusiasmo, o desejo de alterar, e não meramente de enfeitar; de libertar as pessoas de sua prisão, pelo fato de estar você mesmo livre. O que mais é a vida, senão isto? Não desperdice todas as suas energias na discussão de coisas desnecessárias e inúteis, pois isto que falamos, resolve todas as suas dificuldades, como um unguento que cura todas as feridas. Quando você participa disso, significa que está mais interessado pelo que é morto do que pelo que é vivo.

Lembre-se da história de um homem que foi ferido por uma seta envenenada, e quis saber quem havia desferido a seta, por quem havia sido feita, que espécie de veneno havia sido empregado; e morreu enquanto fazia todas essas perguntas. É exatamente isto, o que você está fazendo. Você não quer viver, está mais interessado pela morte e pelo que se passa do outro lado. Porém, se você viver, o outro lado não existe, visto que o outro lado é somente a vida em continuação.

Assim, amigo, voltaremos no próximo ano ou no ano seguinte, com a mesma maneira de pensamento e você ainda estará prisioneiro da tristeza. Se duas pessoas entendessem isto, essas, para onde quer que fossem, modificariam, alterariam completamente o conjunto da vida e de suas circunstâncias, e se tornariam um aborrecimento, um perigo para tudo quanto fosse irreal que as rodeassem. Estariam combatendo constantemente contra essas coisas que são irreais, pois se acharem seguros de seu conhecimento, certificados dele: teriam confiança no que dissessem, por terem experimentado e atingido esse particular entendimento do qual falamos. 

A verdade não tem discípulos, crenças próprias, e você não tem que se tornar discípulo da verdade, porém ser a própria verdade. Isto é o amor da vida. Dele provém a razão, a inteligência, que é o resíduo da experiência; a simplicidade que é corruptível. Quando você entender o significado, o propósito da vida, então desaparecerão todas essas complicadas irrealidades que existem ao seu redor, e com esse desaparecimento, você estará vivendo uma nova vida — uma vida feita de realidade, uma vida com êxtase, um deleite contínuo em todas as suas expressões, por você ser a origem de todas as expressões, e não mais estar aprisionado pelas irrealidades da vida.

Krishnamurti no Acampamento da Estrela em Benares, novembro de 1929

20/05/2020

Sobre a percepção do oco


C: O que está acontecendo aqui, é como se o oco tivesse fases de tamanho, em relação às buscas e aos condicionamentos. Então ele antes ele era dominantes em relação ao sentimento de oco, então, eu estava sempre buscando ainda, e depois vinha a percepção que que era falso o que buscava, e depois quebrava a cabeça até perceber que isso não tinha nada a ver.

Agora não! Parece que a sensação de oco tomou uma dimensão tão grande que ele ficou dominante e relação às buscas. Então ficou parecendo que só tem o oco! Então, tudo antes quando eu procurava alguma coisa para fazer, aí vinha a observação e me dizia que era falso... agora já nem tem essa observação, para poder vir a percepção de que é falso! Quando estou na busca de qualquer coisa, a percepção do falso já brota assim espontaneamente... É como se eu estivesse de olhos fechados e, ao abri-los, a coisa já está ai!  Já está aí! Parece que nem dá tempo para pensar que é falso!

Então isso ai parece que aumenta ainda mais o tédio, então esses dias eu estou sentindo assim, como se o oco tomou conta de tanta coisa, que antes de qualquer coisa que passar na cabeça, já vem o falso junto brotando, e pronto! Não dá pra fazer mais nada, então parece que esse oco aumentou de dimensão mesmo, e ele ficou dominante à relação dessas buscas, em ficar buscando alguma coisa, desejando alguma coisa.

Eu nem sei explicar direito, mas é um vazio assim, é um “ocão” grandão tomando conta de tudo aqui! Mas, mesmo com tudo isso, tem a percepção de lucidez, de poder ver tudo isso, e não ficar louca aí, jogando pedra em avião, sabe? É uma coisa de um “oco lúcido”! Dá pra entender isso?

F: Ontem à noite foi tão interessante a percepção desses impulsos emotivos reativos escapistas, onde eles ficam em espaços muito curtos, pedindo para que eu faça isso ou não faça aquilo; para que eu dê uma volta; para que eu coma algo, etc... Para ver um filme, vai ler! E esse fundo, essa sensação de oco, sempre foi isso!

Eu estou num momento (olha o eu novamente aí!)... Aqui está se manifestando bastante dor de cabeça... muita dor de cabeça, que nem com Neosaldina passa! Bastante dificuldade de dormir, aliás, desde que se instalou o processo aqui... não tem sido nada fácil dormir! (risos)

Mas eu venho percebendo que uma das bombas que joga gente numa espiral ilusória — vamos dizer —, é todo esse conteúdo que vem desse material espiritualista: os textos Ramana Maharshi, Nisargadatta Maharaji, Krishnamurti (e vocês ainda leram muito mais coisas)... Fica uma bomba dentro da gente, não é? Que a gente está aqui nessa sensação de oco, mas a mesma já está sendo percebida, tudo isso está sendo visto! Fica uma bomba do tipo: “Por que que aquilo que eles descrevem não está acontecendo comigo daquele jeito?

E é engraçado ver isso, porque tem todo um contexto cultural, social, outro momento, tudo, tudo, tudo! Você vê que a mente condicionada cria uma “baboseira”, não é?... Tudo pra não ficar com o que tem, não é? Que é esse sentimento de oco! Você pode ir lá comer uma bolachinha salgada pra tentar passar a dor de cabeça, tomar uma água, pra ver se ajuda... Mas o que é está aqui, a sensação do oco está aqui!

É interessante perceber o movimento da mente em direção aquilo (que lemos nos livros), porque ela usa esse pulo do gato pra fugir desse oco e até aumentar esse jogo... A mente fica brincando com isso! Ela quer tirar a gente da vivência dessa sensação de oco. Ela tenta tirar a gente desse oco por meio desses textos desses homens, mas de fato, o que tem é isso: a sensação do oco!
Não estou comisso querendo reclamar da sensação do oco — nem tem mais nada da antiga vitimização —, está tudo aqui! Já não fico mais nessa preocupação se vou dormir ou não, não é mais nada disso! 

A: Um ponto importante que é percebido aqui, é que a clareza que ficou é a de que o sentimento de oco sempre esteve presente e ele sempre foi um movimento de fuga. As vezes o movimento é grande a ponto de fazer você mudar de local de serviço, fazendo até mesmo pedir a conta, pra ir trabalhar como autônomo, depois faz voltar para um trabalho fixo, ai volta novamente a trabalhar como autônomo... e essa sensação de oco, de estar sempre esperando que alguma coisa aconteça foi a única constância nisso tudo! 

Então é percebido e, apesar de ser muito sutil, por vezes passa despercebido, mas a maior parte do tempo, você consegue ver o movimento na tentativa de sair desse sentimento de oco. Esse processo de descondicionamento, ele tirou o sono! Trouxe constantes dores de cabeça, trouxe aumento do peso, depois trouxe o emagrecimento... (risos!) Trouxe percas de amizade ... (risos!)...
Acordei nesta noite (sempre acordo de madrugada), e essa sensação do oco durante a madrugada — aquele silêncio, não é? —, e a mente tenta fugir um pouco... um pouco não! Parece bem o que o confrade “F” falou: dessas experiências que foram vistas, e ali na madrugada se manifesta aquele enorme silêncio, então a mente prega que ela está entrando naquilo que foi lido, ou seja, em algo diferente da sensação de oco, que ela está entrando em alguma outro estado, que está acontecendo alguma coisa ali. Mas, na verdade, é um movimento só para tentar fugir da sensação de oco, não é? É só para não ficar com o que é, ali! Hoje dá pra peceber isso muito bem!

Hoje de madrugada, isso ficou bem claro mesmo! A mente usando de tudo que já foi lido do que aconteceu com esse mestres que o confrade “F” citou, e a mente foge dizendo que você está vivendo aquilo que o Ramana fala (Risos!)... Mas é só um movimento pra fugir do vazio, do oco que ali se manifesta.

Deca: O oco está aqui! Ele veio pra ficar; e faça o que fizer — ou não faça —, é tudo dentro do conhecido, dentro dessa mente adquirida.

O oco não é nada mais nada menos do que a abstinência de todos os condicionamentos que a gente teve vida fora. Então, é a falta que sentimos desses condicionamentos, porque, no fundo, a mente quer as coisas que são dela, ela quer vivenciar o conhecido. Então, ela tenta, mas hoje já não dá mais...

Porque o oco veio, chegou se instalou aqui, e agora não tem mais jeito: não tem mais como voltar, pois já foi visto o falso das coisas. Então, não tem nem essa!
É interessante porque, toda sugestão que for dada pra você fazer, é do conhecido, é da mente adquirida, e pra não fazer, também é da mente adquirida!

São sugestões que a própria mente aprendeu dentro do conhecimento adquirido, de todas as literaturas e tal, em que você tem que fazer alguma coisa, ou que você não tem que fazer nada! Isso também acabou sendo um condicionamento.

Então, é um momento aqui em que realmente a mente diz que é de apatia, não é? Por que? Porque é o que ela consegue mensurar, é o que está dentro da limitação dela, então ela diz que é apatia, que já não tem mais aquela euforia dela, aquelas coisas que você dava risada e tal.

Hoje eu fico vendo as coisas que eu dava risada, e vejo que não tem nada a ver! Não tinha graça nenhuma! Mas é o condicionamento do que está estabelecido, então, tudo isso ficou oco mesmo, porque qualquer coisa que você pensa... É a própria mente adquirida querendo tomar o lugar dela de novo, que dizer, o lugar que ela acha que tem, que na verdade não é dela, não é? Ela é uma impostora, ela se apropriou da real natureza e a gente fica aí, tem hora, em que não sabe o que fazer.

Vem também a insatisfação, a solidão, o tédio e tal, em volta desse vazio aí, desse oco, desse grande buraco aí que parece que não tem fim, que não tem fundo. E aí fica só olhando! Só vendo aí o que vem!

Mas hoje é uma coisa muito interessante... porque já não tem aquele sofrimento, não tem mais a identificação, pois ela já é vista logo de cara.

Então, a coisa fica mais leve, não fica tão forte. Mas é um momento interessante, porque mesmo a mente trazendo ali várias situações, mas já não tem mais nada a ver, já não pega, porque você percebe o falso de tudo aquilo, e não tem como, não é?

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O sentimento de oco como antecâmara da Natureza Transpessoal

04/03/2020

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Quando o observador está pronto, o pessoal junto com ele desaparece

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Devo ou não devo comer carne?

Pare de tentar compreender o que já é você desde toda eternidade

Que vida é essa que você se ressente de estar perdendo?

Tanto a colher, como a pessoa, não existe

Será realmente necessário o estudo de várias escolas espirituais?

É possível equilíbrio na ilusão?

Evitar o desequilíbrio, já é um modo de desequilíbrio

A pessoalidade não suporta se entregar ao nada fazer

O observador, a morbidez e a Suicidal Tendencies

A pessoalidade é a droga mais vendida

O observador e o xeque-mate da estranheza e do nada

A comunhão é uma construção dentro da ilusão pessoal

Sobre o condicionamento da ação da Graça

Enquanto na pessoa, você é um pacote de memórias reagentes

Praticar o poder do agora, é uma prática na ilusão

No conhecimento de sua exata natureza, a definitiva libertação do medo

O observador e o aterrorizante vazio de identificação pessoal

A incondicionada realidade última é transpessoal, atemporal e não espacial

Desesperar jamais, e esperar, menos ainda

Sobre o funcionamento da instalação da adulterante pessoalidade

A instalação do observador, já é uma manifestação transpessoal

A mudança do padrão de sono, na maturação do observador

Pela crença em novos conceitos, não se vive a Inconceituada Natureza

Sobre a observação passiva e não reativa

Sobre a questão do tempo e do espaço

Sobre o abuso da vontade pessoal

A crença gera o sofrimento que gera novas crenças

A ausência de sentido do processo de despessoalização

Sobre os impulsos emotivos reativos suicidas

A pessoalidade sempre será uma estrutura dependente

Vivendo a quaresma no olho do furacão

O esforço pessoal não liberta da dependência

A observação passiva dissolve tudo que é falso

A preocupação com os sintomas do processo de descondicionamento

Não há ação pessoal que transcenda o pessoal

Não existe tal coisa como amor pessoal

O sentimentalismo pessoal não é amor

O primeiro passo é o último passo