F: Sem chance: a mente,
condicionada como está, fundamentada numa base de medo e inquietude, não tem
como se firmar, muito menos se relacionar com nada. O negativo foi revelado.
Pensamentos repetitivos circulares “dolorosos”
O: O lance é não entrar neles,
visto que por eles, não tem saída. São só pensamentos com suas respectivas
energias.
F: Não entramos mais porque
sabemos que eles são isso; não dou mais crédito ao seu conteúdo. Pegamos os seus
conteúdos mais dolorosos e repetitivos e olhamos como do mesmo modo que o
personagem Neo, fez com as balas que partiam dos agentes Smiths. Nada mais
causa reação, ficando somente a sensação. Não há nada de real teor no fluxo
mecânico e não solicitado do pensamento, nada!
O: Não temos a resposta para um
viver de bem-estar comum, por meio do pensamento e nem por meio da busca no
externo.
F: Só restam as sensações, a
desconexão do que sentimos, só isso, pode ver! Não há nada além disso! Nem mesmo
o nome que o pensamento dá às sensações, se encaixa perfeitamente na sua descrição.
Pode ver! Não tem um nome para isso que estamos vivenciando, essa constante mutação
de energia que contrai de um lado, repuxa do outro, e assim vai.
O: Não temos a resposta por meio desse
mecanismo interno e nem no externo.
F: Não temos, de modo algum. O
que temos são as sensações e os pensamentos que se contradizem de momento a
momento. Só! Fora disso, é mais do próprio pensamento circular e confuso. Não
há nada de real ali, tudo débil. Percebo claramente a debilidade que o meio
externo gera ao corpo e ao cérebro humano. Observe isso.
O: Até o presente momento, a
única opção que me parece razoável é continuar observando o mecanismo e
sentindo as sensações, sem dar importância às mesmas, sem reagir, sem querer
delas escapar. Algo do tipo: levar a sério a observação, mas não o que é
observado. Isso está causando um colapso no antigo modo reativo da estrutura. Do
mesmo modo que fez o personagem Neo, estamos mergulhando bem no centro da estrutura
conflitante. Talvez, a libertária e integrativa lucidez, surja desse mergulho.
F: O colapso que está ocorrendo é
muito claro. Está muito simples de ver o pensamento como ele é, assim como a
capacidade de sentir o que se apresenta: sensações cruas. Perceba que não tem
mesmo como nomear. Nada a ver.
O: Nem mais precisamos nomear,
porque o nome, não é a sensação. O: Nem mais precisamos nomear. Entra o
trailer, e a observação o desliga quase que instantâneo.
F: Sim, quase que instantâneo, como
nunca foi. Nunca vi tão rápido e de modo tão isolante.
O: Como ainda entra o trailer,
naturalmente, fica um resquício de sensação que advém desse trailer. Não
tínhamos como ver as balas disparadas pelo mecanismo, por isso não tínhamos
como conhecer o mecanismo.
F: Nunca nos foi possível. Enquanto
não descobre a observação passiva não reativa, já era. Quanto mais deixamos de nos
identificar e reagir, mais o mecanismo perde força.
O: Exato. Todo lancem parece
estar na capacidade de identificar sem se identificar. Não somos nós que puxamos
o gatilho do mecanismo. A não reação parece ser o agente modificador.
F: Ou mesmo a reação, no sentido
que é ela quem mantém você no looping. Só observar os adultos defendendo suas
opiniões... É um looping, sempre as mesmas reações... Quando a reação cai, você
não precisa mais defender sua opinião.
O: Sim, você perde a necessidade
de opinar em questões alheias.
F: De fato, a reação era
alimentada pela sua opinião.
O: A reação é que mantém o
mecanismo em seu funcionamento de sempre.
F: Enquanto reativo e ressentido,
o looping está sendo mantido, mesmo que você permaneça calado. O mecanismo é
mais profundo do que só observar os pensamentos.
O: Ressente o que, a não ser a
sensação? O ressentir é identificação.
F: Exato! Sem dúvida alguma! Por
isso você “re sente”... Reação do sentir, o looping em si está aí, esse me
parece ser o núcleo reator do mecanismo.
O: O lance é deixar a sensação
vir e ir. É o que parece funcional no momento.
F: Sim, deixar ir e vir; sem isso,
sem chance. Mas, até ver isso e isso ocorrer, rola muita bala. Ainda algumas
balas atingem o sensorial.
O: Enquanto não temos condições
de ver bala por bala, imaturamente ficamos correndo nas construções da Matrix. Você
permanece correndo de um lado pro outro na Matrix, só pra ver se consegue
alguma ligação, alguns conexão que o livre da sensação causada pelo mecanismo.
F: Não vai conseguir por aí. Se,
ao invés de correr, você permanece na observação, você vê apontar e desaparecer
na tela do imaginal, todo padrão reacional mais íntimo. Enquanto está correndo –
o que é uma forma de reação – você alimenta o looping.
O: Essa busca de ligação externa,
de contato externo, só nos mantém na pseudo segurança da Nabucodonosor pessoal,
na verdade, nada disso dá liberdade real, não nos fazem voar.
F: Enquanto iludido com a busca
externa, não tem como. Enquanto encapsulado por doações psicológicas de
terceiros, não há como. Sabemos bem que as doações psicológicas de terceiros só
alimentam uma falsa segurança, não libertam de fato.
O: Por isso não há ligação real, nem
no externo e nem na mente, porque, o que trazemos na mente, são marcas das doações
psicológicas de terceiros ou das nossas reações a elas. Precisa ocorrer algo
além, algo como o despertar de um poder de ação superior. Sem isso, o que
podemos continuar fazendo é só observar as balas que surgem em forma de
pensamentos e sensações. Sem uma mutação, incausada pelo mecanismo, esquece.
F: Muito claro e com muito sentido.
Penso que o mecanismo vai entrando em colapso, pela própria ausência de identificação
e reação. Isso vem fazendo sentido, porque isso tem modificado a observação e o
próprio padrão reativo.
O: Veja, você pode correr o
quanto quiser e para onde quiser... Pode fugir pra onde for, mas você ainda
leva consigo o mesmo mecanismo que sugeriu a fuga, assim como o local e o modo
de fuga.
F: Leva sua opinião, sua
estrutura reativa, a sensação, suas ideias, de que nada mais adiantam. Isso aí
tem que morrer.
O: Sim, são balas que precisam
cair ao chão, sem qualquer esforço ou reação de nossa parte. O revólver reativo
tem que cair no chão.
F: Sim. Revólver no chão... Fechar
os olhos e observar a sensação... o medo. Isso é que tem se mostrado funcional.
O: No momento, não reagir a
sensação, tem se mostrado a melhor opção; se desligar dos trailers do imaginal pela
ação da observação relâmpago... Quando mais rápido, menos sensação.
F: Muito sútil, não é mesmo? Quem
chega nesse ponto de maturação da observação, passa a enxergar o seu mecanismo
reacional mais íntimo. Quanto mais amadurece a capacidade de observação, menos
preocupação com as balas, menos envolvimento.
O: Mais facilmente você percebe
que você não é as imagens que passam em sua mente, muito menos as sensações que
surgem no seu corpo. Tanto as imagens como as sensações, deixam de ter poder
sobre você, deixam de lhe governar.
F: É a frase do filme “Revolver”:
“Eu não sou você, você não me controla! Eu controlo você!”
O: Então, o lance é não deixar que
os trailers envolvam a mente. Isso é não envolvimento.
F: Apesar de ver claramente que só
há pensamentos, um na sequência do outro. O primeiro diz algo, o segundo diz
que viu o primeiro dizendo algo, mas é só outro pensamento... Do mesmo modo o
terceiro... Trailers e mais trailers. Bizarro! E um quarto trailer, um quinto,
um sexto... tudo sem sentido! É isso: pensamentos loopando de modo mecânico e
não solicitado. Ali é só isso.
O: O mais que você pode fazer é
não deixar a mente ser envolvida por esses trailers; se desligar dos trailers
pela observação relâmpago. Só há isso como opção.
F: Perfeito! Nem damos mais
orelha ali.
O: A observação relâmpago não faz
com que o fluxo termine, mas, ao menos, não dá pólvora para a criação de novas
balas.
F: Não se trata mais de uma
opção, visto que a observação já está pegando tudo, já está instalada e joga o imaturo
envolvimento ao chão. O software da observação relâmpago, assim como o
mecanismo, também roda por si, funciona como um poderoso firewall, um antivírus.
Exatamente isso: ele bloqueia, não impede.
O: Pega o vírus e joga na lixeira
ou, pega a bala, a observa rapidamente e a lança ao chão.
F: Ainda não há em nós, um
dispositivo do tipo Apple, que nunca permite a entrada de vírus. Somos como o Windows:
uma janela aberta ao que vem da rede.
O: A observação relâmpago vê o
medo e a dependência que se apresenta com cada bala.
F: Vê tudo, todo medo, toda história,
vê todo conteúdo. Foi sempre isso durante toda minha vida, essa foi sempre a minha
história. Pkp! Bizarro. Os porquês, as quedas.
O: Você não saca mais a espada da
bainha.
F: Não. Por incrível que parece,
não mais. Apenas quando necessário mesmo e, ainda é muito consciente quando
necessário; trata-se de uma ação e não mais de uma inconsciente reação emotiva.
O: A observação relâmpago faz você
perceber o quanto ainda é dependente da aprovação do meio que lhe cerca.
F: Sim, ela pega nossas reações
mais sutis. Inevitável. Assista o filme “A queda”, o processo todo está lá.
O: Estamos como que “dixavando” o
mecanismo.
F: Sim, desarmando ponto a ponto,
até enclausurar de vez a estrutura. A observação relâmpago está detonando tudo;
agora, entramos numa zona obscura, na “caixa preta”, onde se encontram as falas
e sensações minuciosas...
O: Isso, algo assim!
F: A observação relâmpago entrou
na zona em que os padrões reativos mais sutis, estão sendo expostos, as nossas opiniões
mais profundas... Tudo opinião! Tudo o que nos fizeram, nossa formação... Tudo está
desmoronando: aquilo que achamos como verdade, o que pensamos sobre tudo, nossas
ideias, nossas dependências... tudo está sendo demolido. Você se vê sustentando
e sustentado por besteiras.
O: A velha opinião formada sobre
tudo está colapsando. Mesmo aqueles pensamentos de você como alguém plenamente
maduro, tendo um final feliz, não passam de balas do imaginal, tudo mais do pensamento.
A percepção disso tudo está produzindo uma metamorfose.
F: Exatamente! Percebi isso a
noite. Bem isso que estamos conversando. Aquela velha opinião formada sobre
tudo, é o padrão reativo que mantem o looping ou o próprio looping. A
observação relâmpago vai demolindo a velha opinião formada sobre tudo, sobre o
que é ou não o amor, sobre o que eu nem sei quem sou. Piada! É, cara! Vamos
vendo que não precisamos mais viver com as "nossas" ditas verdades e
certezas, pois as mesmas, são só pensamentos; não precisamos defender mais isso.
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