B: Então, tempos atrás eu me
encontrava bem estagnado, numa rotina de vazio total, mas agora, a coisa deu
uma reanimada.
O: O que era se sentir estagnado?
Porque esse se sentir estagnado é o momento que eu e Deca estamos vivendo; nos
sentimos como que num platô, onde não se percebe algo além. Tudo que vemos na
estrutura social, não nos traia mais, por isso nos sentimos como que
estagnados.
B: Eu tive contato com algo
superior, vamos colocar assim, mas aquilo não ficou e me vejo novamente na
minha rotina, a qual sempre esteve baseada no medo. Mas agora eu estou fazendo
algumas coisas para tentar mudar.
O: Mas o que você está tentando
mudar? As situações externas?
B: O que estou fazendo é tentar
me desafiar cada vez mais, me movimentar, entende? Porque eu senti que eu
estava ficando muito fixo, sem vida.
O: E o que é para você hoje, uma
rotina que não é fixa e que lhe apresenta vida? O que você quer dizer por se
movimentar? O que é isso?
B: Fazer coisas que me desafiem e
que me tirem da minha zina de conforto. Hoje eu vejo que em tudo dá para você
fazer coisas diferentes, dá para tirar você da sua zona de conforto, sair do medo.
Em toda atividade, seja no local de trabalho ou então ao conversar com alguma
pessoa que você percebe que só está em busca de satisfazer seus desejos
egóicos. Parece-me que em toda situação, dá para você fazer algo diferente,
sair do padrão de monotonia. No momento, estou apostando nisso, porque eu
estava naquelas de só ver graça em algo que me fizesse sentir novamente aquilo
que senti naquela experiência religiosa. Então, hoje, estou tentando ver graça
em coisa do tipo como jogar baralho, entende? Acho que eu estava com um olhar
errado para a vida, porque parece-me que estou chegando numa visão de que as
coisas que se apresentam para mim, são o melhor que o universo tem da melhor
maneira possível para que eu consiga sair desse meu entrave do medo, sair do
meu estado inconsciente e me tornar mais consciente. Então, a realidade que
tenho hoje aqui, com todos os problemas, é o degrau que o universo está me
proporcionando para que eu mude a qualidade do meu olhar. Eu acho que essa
linha de ação faz mais sentido para mim, acho que isso talvez me proporcione a
possibilidade de enxergar algo além, até mesmo nas coisas ordinárias. A mesma
realidade que eu tenho hoje é a que eu tinha ontem, mas ontem, eu não enxergava
nada além nessa realidade. Hoje eu consigo enxergar algo além.
O: O que você enxerga além? Você
vê beleza? Você vê graça? Consegue mesmo ver isso?
B: Hoje eu vi tudo igual, mas
essa ideia de enxergar algo além nas coisas tidas por ordinárias, isso faz com
que eu me atire no momento.
O: Mas o que é isso de enxergar
algo além? O que você está enxergando de diferente hoje? Quero muito saber como
conseguir isso, pois não consigo perceber nada além de uma enfadonha rotina sem
sentido e sem profundidade nos contatos. O que vejo é uma enorme, uma incontável
roda de condicionamentos. Não consigo, de modo algum, ver beleza nisso que está
sendo cotidianamente apresentado. O que é que você está vendo além do que via
antes como rotina sem sentido? O que vê agora?
B: Agora eu não estou conseguindo
ver nada; 99% do meu tempo aqui, não estou conseguindo ver, mas eu tive alguns
lampejos onde consegui ver a beleza no feio, digamos assim. Mas o modo como eu
estava olhando estava muito zoado, mas ainda perco o foco. Mas eu já consegui
ver as pessoas eu seus afazeres diários, mesmo com seus condicionamentos, e ver
beleza nisso. Essa coisa de ficar buscando a iluminação... Quantas pessoas
conseguiram isso e ficaram nesse estado iluminado? Eu hoje vejo essa busca por
um estado supremo de iluminação como mais uma ilusão. Essa iluminação não é
fixa, ela vem e vai. Eu vejo o ser humano como uma ponte entre o céu e o
inferno... veja, o ser humano é a ponte; ele está sempre conectado entre o
inferno e o céu. Fazendo uma analogia, nessa ponte, se encontra a nossa
identidade. Quando o ser humano deixa de lado a sua identidade, ele se ilumina.
Eu estou tentando enxergar assim.
O: Você quer dizer que está se
condicionando a ver as coisas desse modo?
B: Não sei se isso é um
condicionamento...
O: Não é o que a sua mente está
contendo agora?
B: Não sei!
O: Isso é uma tentativa ou é algo
natural seu?
B: Sim, estou tentando, mas,
assim... Eu penso que o condicionamento é algo que vem sempre do externo, algo
que vem da cultura.
O: Independente da influência da
cultura, você cria também seus próprios condicionamentos. Você acabou de dizer
que está tentando, mas que não consegui em 99% das tentativas, ver algo de
diferente do que via, como conseguiu ver num momento de lampejo. Quando você me
afirma que “está tentando”, isso não é o mesmo que dizer que está se
condicionando? Você não está colocando uma condição para si mesmo? Fazer assim
e não fazer mais assado? Não vê que isso é uma condição imposta e que não parte
de algo natural?
D: A mente falando: Agora não
verei mais como antes, verei de forma diferente! Não percebe que é a própria
mente no comando, tentando sair do sentimento de estagnação e do vazio da
rotina em que ela se percebe inserida?
O: No nosso momento, meu e de
Deca, não brigamos mais com o que se encontra estruturado na cultura social,
mas, para nós, não vemos graça e beleza em nada do que se encontra estruturado;
nada nos entusiasma, nada nos atrai. Nada nos impulsiona ao ponto de colocarmos
nossa energia e nosso tempo naquilo. Apesar de não pararmos de observar, não encontramos
nada que faça real sentido. E, com base nas vivências tidas do estado
incondicionado de ser, sentimos tudo isso como uma grande ilusão, algo parecido
com a expressão “Matrix”. Isso é uma
ilusão e não temos mais como nos apegar nisso que vemos que é ilusão. A maioria
se apega nisso, porque desconhecem a grandeza e a realidade daquilo. Mas a
realidade aqui, é que a felicidade, a liberdade, o amor e a comunhão permanece
aqui. Aqui não tem nada de realização, iluminação ou conexão real; só não
entramos mais em conflito nem com as situações internas e nem com as situações
externas. Se isso está funcionando para você, ficamos contentes por isso, mas,
para nós, não tem como. Eu e Deca, por mais que sejam os nossos esforços, não
conseguimos ver graça e beleza no que se apresenta ao nosso redor (não estamos
falando da graça e beleza que são produtos do condicionamento cultural; falamos
da Graça e Beleza Reais). Seja a conversação social, sejam as tradições, sejam
os assuntos religiosos, filosóficos ou espiritualistas, tudo isso perdeu seu
poder de encantamento. Não temos mais como investir em nada disso; só entramos
nisso quando estritamente necessário, quando não há formas de escapar da
situação. Tudo se mostrou pequeno demais depois da grandeza daquelas vivências
inusitadas, daquela vivência singular. Participamos dos núcleos familiares e de
trabalho, mas, percebemos a superficialidade e a ilusão de quase tudo que ali é
apresentado... rotinas e abordagens que se mostram sempre condicionadas,
repetidas, imaturas e superficiais..Não há a menor possibilidade de se
apresentar algo disso que nos foi apontado quando nas vivências daquele estado
singular de ser. Não tem como falar sobre isso porque as pessoas não acessam,
isso não faz parte da cultura estabelecida; não há abertura para isso, o
cérebro não alcança e, com poucas palavras, se protege por meio da
letargia. Por isso que hoje afirmamos
nos sentirmos num platô, num ponto de estagnação; estagnamos num ponto de
percepção da realidade e não há a menor possibilidade de voltarmos ao ponto
anterior de percepção. Não temos como nos forçarmos a ver beleza no feio... Ou
essa beleza é percebida, ou não. O fato é que hoje, não conseguimos ver beleza.
Temos que ficar com a realidade, por mais angustiante que seja. Não tem mais
como se agarrar em achismo ou práticas que já se mostraram ilusórias. Todo esse
lance de tentar alimentar apenas bons pensamentos, ou ver apenas o lado bom das
pessoas e circunstâncias, aqui, não rola. Se isso funciona para você, ficamos
contentes, porque não é nada agradável ficar com esta inquietude de base, mas,
para nós, não isso funciona.
Hoje não tem como fazer uso de
qualquer coisa para tentar aplacar essa inquietude básica; as próprias reuniões
no Paltalk, depois de observadas, se mostraram como ilusórias tentativas de
sair dessa inquietude. Claro que nos ajudaram a ter uma percepção melhor do
mecanismo da estrutura mental e emocional condicionada, mas, não proporcionaram
a transcendência de seus limitantes condicionamentos. Nada disso nos libertou.
Não sabemos o que é felicidade, amor, liberdade, comunhão, compaixão... tudo
isso são só conceito herdados somados a tentativas vãs de alcançar seus
significados. O que temos aqui é a inquietude, sem acrescentarmos mais
inquietude à inquietude original. Nem tentamos colocar coisas ou ações
calculadas para tentar superar tal inquietude, tipo, crenças, livros, escolas,
diversificação de consumo ou coisa parecida.
B: Penso que não se trata de um
condicionamento, mas sim, de uma percepção particular.
O: Você não precisa ficar com
nada do que estou lhe falando, muito menos precisa me provar algo. Se isso
realmente está funcionando para você, ao ponto de você poder se olhar no
espelho e dizer para si mesmo que é feliz, que é livre, que ama e que realmente
sabe o que é compaixão e comunhão, por favor, esqueça-nos e viva isso! Nós não
vivemos isso!
B: Penso que a expectativa de
viver isso, é uma forma de condicionamento que talvez esteja impedindo de você
viver isso.
O: Você está com uma
insuportável, quase que enlouquecedora dor de dente... Como não ter expectativa
de que a experiência com um dentista possa acabar de vez com ela? Se estamos
com uma dor crônica em nosso estado de ser, como não alimentar a expectativa de
encontrar algo superior aos nossos esforços, que possa acabar de vez com essa
dor? Como não querer acordar logo cedo, sem ser despertado pela inquietude (a
qual muitas vezes é percebida até durante o snho)? O que sentimos é o looping
de uma rotina sem beleza e sem sentido. Não temos mais como ficar contando
historinhas para nós mesmos; temos que lidar com o que é. O que é, é essa
estrutura isolante... Tudo que você está nos dizendo, já tentamos mil vezes
antes e não resultou no calculado... Ver beleza nas pessoas e circunstâncias...
fica tudo só no nível conceitual, não dá liga real.
B: Não é disso que estou falando!
Estou falando de algo que não é produto de um esforço racional. Trata-se de uma
questão de você “trabalhar a sua energia”, conforme a sua capacidade. Com
certeza, racionalmente, não sentimos nada. Vou dar alguns exemplos de coisas
que tenho feito e que percebo que me fazem bem: me alimentar bem, que é algo
que faz a energia fluir de modo saudável. Todas as manhãs, estou praticando
dança, e isso traz uma energia legal para o corpo. Resumindo, estou buscando
por ações diferentes.
O: E quando você se encontra sem
essas ações calculadas? Já experimentou ficar sem essas ações, que eu qualifico
de drogas energéticas? Quando fica só consigo mesmo, qual é a realidade mental
e emocional?
D: Porque tudo isso acaba sendo
novos modelos de doações psicológicas externas, com as quais ocorre a
narcotização momentânea dos sentimentos.
O: Quando você acorda, sente-se
pleno pelo simples dato de estar respirando? Não vejo mais sentido em ficar
procurando coisas para tentar modificar a natureza da energia sentida.
B: Entendo bem isso que você está
dizendo. Mas qual o sentido que querer estar bem e não fazer nada?
O: Eu não estou lidando mais com
conjecturas; se esse incausado bem-estar se apresentar, quando se apresentar,
verei o que ele me apresentará para fazer ou não fazer; o fato é que esse
bem-estar agora não está aqui. Esse é o fato! Conjecturas são apenas fugas ao
fato. Claro que esse processo de descondicionamento nos deu condições de sermos
mais sociáveis com as pessoas, de estarmos com elas sem cobrá-las por seus
condicionamentos; mas é também impossível não ver com clareza tais
condicionamentos e a ausência de contato real. Não há afinação de propósitos e
de percepção da realidade. Claro que gostaríamos de fazer coisas diferentes e
que se mostrassem com real sentido, mas, até aqui, não as encontramos. Olhamos,
olhamos e olhamos e nada nos atrai, percebemos tudo como variações levemente
modificadas do já manifesto. Basta uma olhadela e a consciência já aponta o
falso, já mostra que não resulta, que não é por aí.
Hoje temos a claríssima percepção
de que a nossa qualidade de bem-estar não pode estar dependente de nenhuma ação
ou circunstância externa; não pode estar associada a qualquer tipo de prática
calculada, porque, se assim for, se tal prática faltar, igualmente faltará o
bem-estar. Queremos saber o que é estar bem pelo simples fato de abri os olhos,
ou de sentir o sopro nas narinas... um bem-estar que não tem causa, que não é
produto de um cálculo autocentrado. Não temos isso hoje! Temos boas pessoas e
circunstâncias ao nosso redor... todos com seus condicionamentos e limites
culturais, mas todos do bem! Não temos problemas circunstanciais, o que temos é
essa inquietude de base, a qual impede a real conexão. Tudo fica no nível dos
conceitos, no nível do mental, não há conexão real ou percepção da beleza real.
E vivemos mais que uma vez a conexão com aquele estado singular onde tudo é
beleza e maravilhamento, onde tudo é graça e vivacidade... como não querer
aquilo novamente? Como? Como ver inteligência em tentar ver beleza onde não
conseguimos ver beleza, se existe um estado sem esforço, onde tudo é visto em
sua beleza singular? Quem viveu isso, numa intensidade tal, não tem mais como
se contentar com esse esforço vacilante que, no máximo, só tem o poder de ver a
beleza que não é beleza de modo algum, mas sim, um compartilhado
condicionamento conceitual. Esse esforço é que já fazemos há muito tempo, lidar
com o que tem pra hoje, tentando dar o melhor de nós mesmos, não fazer
exigências dos demais, não julgá-los...
Mas temos que ser honestos: isso é um porre! O que tem aqui são dois
seres inquietos em busca de uma resposta libertária. Nessa busca, passamos por
tudo que está aí, crenças, escolas esotéricas, grupos espiritualistas, o
próprio paradigma holotrópico... tudo isso em seu devido momento, se mostrou
como algo limitado, sem o poder de transcendência. Serviu por seu tempo, mas já
não dá mais liga, já não dá a antiga ilusão de conexão. Então, hoje, existe
algo que nos conecte? No momento, não! Aqui não tem depressão, mas também não
tem mais a possibilidade de ficarmos contando historinhas para nós mesmos. Não
tem como se sentar com o outro que vem sempre com os mesmos papos socialmente
alimentados, coisa como Lula, Bolsonaro, Palmeiras, investimentos na bolsa de
valores ou em bitcoins, e ver graça nisso. Não tem como.
B: Estou tentando com isso,
salvar o rolê!
O: Se isso funciona para você,
vai fundo! Se ao acordar pela manhã, ao se olhar no espelho enquanto escova os
dentes, e vê brilho real nos olhos refletidos no espelho... Que bom! Mas aqui,
não tem isso! O que vejo aqui é um cara inquieto.
B: Aqui ainda não tem esse brilho
real.
O: Temos dito que parece ser
necessário algo como um update na capacidade de observação da realidade, algo
que não seja um cálculo a mais da mente, mais um de seus truques. Se ocorrer
isso e eu ver beleza, tudo bem! Mas, práticas calculadas! Para, estou fora! Quero
saber o que é viver em plenitude; sei que isso existe porque tive três
vivencias em tal qualidade de ser. Sei que isso é possível, que é real. Não
entendemos o porquê desse estado incondicionado de ser não permanecer; mas ele
existe, definitivamente existe. Trata-se de um estado de ser em que você não se
vê nem mesmo condicionado ao próprio corpo, nem ao tempo, nem ao espaço e nem a
dualidade conceitual de bem e mal, feio e belo... nada disso existe ali!
D: Só existe o Belo e tudo está
embutido nele!
O: Sabemos que isso existe, assim
como sabemos que o que se apresenta aí, é um porre! Um dos questionamentos que
compartilhamos é o de qual foi o sentido de termos tido a vivência daquele
estado singular, com sua incalculável abertura de consciência, e voltar para
este estado condicionado, no qual hoje temos a clareza da percepção de sua
limitação, de seus condicionamentos, de sua insanidade, e não conseguir se ver
livre de tudo isso, de se ver prisioneiro de um looping de coisa sem sentido e
sem beleza real? Qual o sentido de saber nomear muito bem as várias facetas da
estrutura condicionada, sem ter o poder de transcendê-la? Como se contentar com
o gosto de mofo quando nos deliciamos com a doçura do mel? Não há como dizer para si mesmo que aquela
vivência foi mera ilusão, uma espécie de delírio; cada célula do corpo grita em
defesa de sua realidade, que é a única realidade.
B: Mas, com base no que os outros
deixaram escrito aí, você acredita que é possível chegar nesse estado e nele
ficar pelo tempo que lhe restar?
O: Não me interesso mais pelo que
os outros homens disseram ser possível ou não. Sei que aquilo é real e que é o
nosso estado incondicionado de ser; não tem nada de Deus, vinda do espírito
santo ou do raio que o parta! Aquilo é você, sou eu e tudo que é! O que disse
Buda, Jesus, Ramana, Krishnamurti, quem quer que seja, não significa mais nada
para mim. Precisa ocorrer aqui, na totalidade das células cerebrais, uma nova
capacidade de percepção... Algo interno, que não depende de nenhum cálculo,
nenhum esforço, nenhuma prática ritualística, nada dessas invencionices que o
homem vem tentando ao longo de séculos, de modo infrutífero. Tentamos muito
disso tudo e nada se mostrou, de fato, funcional. Essa inquietude básica não
pode ser plenamente silenciada com nada do externo. O que ocorreu naquelas
vivências singulares, não veio de fora... aquilo éramos nós e não dependeu de
nenhuma ação calculada. E do mesmo modo que veio, se foi... Mas não tem como
negar a beleza, o maravilhamento, a dimensão sensorial daquilo, a vivacidade, o
brilho, a intensidade, o abarcamento, a amplitude, a magia, a comunhão e
conexão de tudo aquilo... E se ver aqui, nessa vidinha rotineira de coisas
superficiais onde ninguém se relaciona de fato com nada? Onde todos se esforçam
inutilmente para se conectar? Não vejo ninguém livre, ninguém sabendo o que é
felicidade, liberdade e amor... cada um prisioneiro de seus medos
particulares... Onde a compaixão é só um conceito nos lábios sem cor... Não tem
como, esse teatro não dá mais liga! Essa é a pergunta que deixo para você: ao
acordar, pela manhã, quando olha para o teto, sente tesão mesmo de sair da
cama? Sente-se grato por um novo dia?
B: Não!
O: Então, confrade, tem algo
errado aí! Algo aí no seu discurso, não bate! Aqui, nada do que está na
sociedade, me atrai. Um leve lance do olhar e o falso logo é percebido! Não dá,
por aí, não vou!
B: Você afirma que essa coisa
precisa vir de dentro, então, é falso quando busco algo no externo que me produza
alguma satisfação?
O: Se você está buscando por algo
externo que substitua sua insatisfação de base por uma esperada satisfação,
então, isso é falso... Não há diferença disso com o uso da bebida, da droga, do
sexo, da busca de poder. O fato é a insatisfação crônica; é ela que é a
natureza exata que está motivando a ação. Qual a diferença de você está
buscando satisfação na dança e o meu vizinho estar buscando no uso da maconha? Não
vejo diferença, a não ser nos critérios de valores de certo e errado que cada
um carrega; o movimento é igual, só foi diferente o tipo de droga anestesiante.
B: Mas se você buscar, por
exemplo, no sexo, de um modo equilibrado, buscando por prazer associado ao
amor...
O: Mas você sabe o que é amor?
Sabe mesmo? Você ama?... Não adianta ficar com historinhas, é preciso ver isso
com muita seriedade porque se trata da sua própria vida... Você sabe realmente
o que é o amor? Por mais afinidade que temos com as pessoas com quem nos
relacionamos, você não percebe que sempre permanece ali um hiato, uma
distância, algo como uma bolha que nos isola, que nos impede de se sentir um só
com o outro? Sempre fica uma distância, um hiato, sempre é percebida a ausência
de conexão real. Há, sem dúvida, um bem-querer histórico, digamos assim... há
uma história comum que gera um apego, uma preocupação, mas, sabemos de fato o
que é amor?
D: O que há é o condicionamento
de que temos que amar essas pessoas que fazem parte do nosso círculo histórico.
O: Não temos mais tempo para
brincar de amor... Nós tentamos de tudo, buscamos de tudo para ver se conseguíamos
sair dessa bolha isolante, mas nada se mostrou realmente funcional. Tudo é
bunitim no início, mas logo se mostra falso.
B: Você me pergunta se eu sei o
que é o amor... Você já sentiu uma conexão maior com alguém, algo diferente do
ordinário?
O: Só senti isso dentro daquela
vivência inusitada. Sempre ocorreu no máximo, uma atração pelo físico ou por
alguma afinidade de busca. Mas esse sentir profundo, tenho que ser franco, eu
desconheço. Algo ocorreu comigo em minha historia que me tornou assim, e
confesso que estou cansado da percepção desse crônico isolamento emocional.
Vejo as crianças e a mente, com seus condicionamentos, diz: Que linda! Mas eu
não sinto essa beleza! Fica só no nível dos conceitos mentais. Não ocorre a
conexão real, sempre é percebido um hiato. Outro dia eu conversava com uma
senhora da terceira idade, e ela me dizia que sentia essa distância com os
próprios filhos, tanto por parte dela, como por parte deles; ela mesma afirmou
que não sabe o que é o amor e que não sente que seus filhos sintam amor real por
ela; ela consegue ver que muito do que fazem por ela, cai no condicionamento
ético, que não tem nada de natural ali, no máximo, um derrame de apego. Esse é
o nosso momento aqui e, confesso que o que mais queremos, é saber o que é a
realidade do amor, o que é a plenitude no viver; viver não pode ser só isso que
se mostra pequeno demais! Amor, felicidade, liberdade, compaixão e comunhão,
hoje são só lembranças daquelas ocorrências naquele estado singular; mas aquilo
não ficou. Em minhas pesquisas, não encontrei um homem que afirmou ficar nesse
estado singular; o máximo que encontrei são relatos de vindas esporádicas daquilo.
Um exemplo disso é o que Krishnamurti relatou em seu breve diário. Não sabemos
se é possível viver naquele estado incondicionado de ser, mas sabemos que ele é
real. Conjecturar sobre aquele estado singular, ou sobre amor, liberdade,
felicidade e comunhão real, é algo que também se mostrou sem sentido algum. Conjecturas
não resolvem; bafo de boca não cozinha ovo! O que conta para mim é a pergunta:
eu sei neste instante o que é isso em meu viver? Vivo isso agora? Não! Eu vivo
a percepção da ausência disso, essa distância que permanece em tudo... Vejo o pôr
do sol, ou o movimento de uma criança e a mente conceitualiza sua beleza, mas o
coração não sente essa beleza. Eu abraço e sou abraçado, mas não sinto a
conexão.
B: Eu entendo o que você está
falando. Percebo que só nos relacionamos conosco mesmo, mas, como você sabe,
todos nós temos uma centelha divina...
O: Não! Joga fora tudo isso! Não
sei nada disso! Isso para mim é ranço de crença. Não entro mais nesse tipo de
conversa.
B: Veja, existe algo muito louco
que você também já sentiu.
O: Aquilo não era algo, aquilo
era você mesmo, sem condicionamento algum. Não tem nada de centelha divina,
Deus, descida do espírito santo ou o que quer que seja!... Aquilo era só você
em seu estado natural, em sua exata natureza incondicionada. Nada mais que
isso!
B: Eu vejo que tudo que é externo
é aquela coisa louca se relacionando consigo mesmo. Porque, no meu ver, a fonte
de tudo é essa energia divina.
O: Ok! Se é assim, então, me
responda: porque não existe felicidade e maravilhamento aí agora, em sua vida?
Esse é realmente um belo discurso, mas, ele funciona? Se funciona, por que a
distância é percebida aí? Por que não existe comunhão? Por que você permanece
se relacionando apenas consigo mesmo? Só me responda as perguntas, porque não
tenho interesse nas novas crenças que você está sustentando para si mesmo.
Quero lidar com os fatos, com o que é. Você é feliz? Você é livre? Você está em
conexão real com alguma forma de consciência? Você se vê, realmente, um com
tudo que é?
B: Não! Não vivo nada disso!
O: Então, qualquer coisa que você
quiser me falar aí, é só mais da estrutura.
B: Cara, eu acho que tudo isso
que você está falando, essa coisa de amor e comunhão, tudo isso não passa de
ilusão. Ninguém pode dizer eu amo, eu sou feliz, porque o amor e a felicidade
não são coisas estáticas.
O: Então, você mesmo afirmou que
você “acha” isso... só mais uma crença levantada por conceitos que colheu por
aí. Você acha... perceba seu novo tipo de crença aí... Por isso que estamos nos
afastando cada vez mais desse tipo de conversa que só se sustenta numa disputa
de crenças, de incertas certezas emprestadas. Achar não é o que é! Não me contento
mais com achismos, quero o que é! Não vejo como insanidade, querer o real ao
invés do que se acredita ser o real.
B: Entendo! Mas só que o meu
achismo se baseia naquilo que eu vivi um dia no passado.
O: Mas isso é algo morto, também
não serve, visto que não se encontra aí agora, nesse instante. A lembrança do
melhor dos baquetes não mata sua fome de agora.
B: Mas se eu for por essa sua
linha de raciocínio, tudo acaba se mostrando sem graça.
O: Uma vez me veio uma pequena
poesia: É preciso que tudo perca a graça, para que surja a Graça capaz de
trazer graça para tudo que se mostra sem graça. Então, já não me esforço mais
para ver graça: ou tem Graça ou não tem graça. Simples assim! Já não dá mais
para ficar contando historinhas para mim mesmo. Não dá mais para ficar me
segurando em qualquer tipo de crença ou de achismo. Bate o olho no espelho aí e
vê se tem alegria mesmo, espontaneidade no viver. Se não tem... não venha me
tirar do meu silêncio barulhento. Qual é a real do seu estado de ser, neste
instante? Essa é a pergunta que me parece ser fundamental. O estado de ser não
está nem aí com crenças e achismos. Isso é o que percebemos aqui. Sinto aqui
que é preciso ocorrer algo, uma mutação na capacidade de percepção da
realidade. Sem dúvida que ocorreu uma significativa mutação que nos deu
condições de perceber muito da estrutura condicionada, seja a pessoal como a
coletiva (a maioria nem sonha com isso); só que a qualidade de percepção
alcançada, não nos deu o poder de transcender o que está sendo percebido como
falso, como limitante. Essa capacidade de percepção nos mostrou a insanidade
pessoal e coletiva, mas não nos mostrou o que é a sanidade. Só instalou uma
sanidade que tornou capaz a percepção da insanidade, mas ficou nisso. Preciso
ocorrer um upgrade na qualidade de percepção, a qual nos tire dessa percepção de
terceira dimensão e que nos jogue naquele estado que não pode ser dimensionado
de modo algum.
B: Entendo.
O: Cada um sabe muito bem o que
realmente se passa na mente e no coração, e o que está buscando para tentar
mudar isso que percebe, e tenho certeza, que aquilo que pensa e sente, não tem
nada de gostoso. Não tem mais como brincar de ser feliz! No máximo, o que vemos
por aí é tido por “bacaninha”, pois, não nos toca de fato. Aqui existe uma
emergência pelo real.
B: Entendo bem o que você está
dizendo e estou tentando algo para não chegar nesse ponto em que você se
encontra.
O: Isso me faz lembrar a postura
do personagem Cypher do filme Matrix, querendo permanecer na busca de prazer
para não ter que viver o que Morfeus vivia. Este mês está estreando o filme
Matrix 4, e eles estão falando sobre o looping das coisas repetidas, coisa que
estamos falando há mais de ano. Eles estão usando inclusive a mesma expressão
que aqui usamos: “looping da mesmice”. A fala no trailer do novo filme Matrix: “Vocês
já perceberam que existe um looping de coisas repetidas todos os dias?”... Não
é possível que só eu, Deca e mais dois confrades com quem trocamos diariamente,
estão sentindo isso.
Não deixamos de fazer as coisas
que se mostram necessárias no sistema; participamos dos eventos familiares,
mesmo não crendo mais em seus valores tradicionais; só que nada disso nos toca
mais, não produz entusiasmo real, na real, sinto como algo bem cansativo. Do
jeito que entro eu saio: vazio! Porque ninguém está falando algo que me toque
de fato, que me chame a atenção, que me deixe com um gosto de quero mais. Só
escuto mais e mais do insatisfatório conhecido; assuntos sobre ruas sem saída
pelas quais já entrei. Nada ali significa algo real. Confesso que continuo com
a ânsia de encontrar alguém que me apresente algo que eu não tinha pensado ou
vivido antes, mas, não encontro esse alguém.
B: Eu preciso me apegar em alguma
coisa...
O: Por que você precisa se
apegar? Por que não pode permanecer livre? Não seria a voz do medo que se
encontra nessa busca de algo para se apegar, para que a vida se mostre com
sentido?
B: Quando você fica estático,
você começa a estagnar, porque a coisa começa a perder a graça inicial. Para
mim, o que estou tentando hoje é me manter em movimento.
O: Já vive esse tipo de crença no
movimento calculado, só que hoje, isso não faz mais sentido algum. Cansei de
ficar pulando atrás de atividades; quero saber se existe um estado de serem que
eu possa estar bem comigo, independentemente de qualquer circunstância externa,
de qualquer doação de fora... se é possível ou não. Porque, se não for possível, essa existência
não faz sentido para mim.
B: Eu acredito que a vida só vai ter
um sabor legal se você souber fazer usado adequado das coisas que se apresentam
para você. Isso que estou enxergando hoje.
O: Olha no espelho e me diz se o
cara que você está vendo, possui brilho no olhar. Você nunca mais vai olhar um
espelho do modo como via antes dessa conversa. Não tem como enganar o espelho.
Se não tiver realidade no viver, o espelho vai ficar cada vez mais pesado. O
que mais quero é encontrar alguém que me diga: “Encontrei algo além do que você
está apontando e que se mostrou realmente libertário”. Só que não acho isso!
D: Nós estamos tentando manter
relação com as circunstâncias externas, mas, o buraco da insatisfação continua
aqui e, depois da observação, tem se mostrado cada vez maior. Não encontramos a
possiblidade de uma conexão real, tanto daqui para lá como de lá para cá.
Observo facilmente que o que está aqui, está lá. Só que os demais ainda estão
buscando pelo movimento enquanto nós já fizemos uma varredura nesse movimento
de busca. Nada do que buscamos, nenhum dos nossos movimentos se mostrou
realmente libertário, nada nos devolveu o brilho do olhar, nada trouxe uma
conexão real. Nada tirou aquela sensação de isolamento, aquela sensação de
vazio. Hoje é muito rápida a percepção do falso, o espírito que realmente está
gerando o movimento, tanto aqui como lá. Não existe relação real, fica tudo só
no nível dos cálculos autocentrados. Hoje isso é percebido muito rapidamente e
sem qualquer esforço de nossa parte. Até o próprio paradigma ficou para trás,
pois ele cumpriu sua função e também não nos libertou. Sem dúvida que ele nos
possibilitou uma incalculada expansão na qualidade de percepção dos
condicionamentos pessoais e sociais, mas não nos libertou da estrutura condicionada.
O: O paradigma nos deu condições
de entender como essa estrutura foi criada, alimentada e cristalizada, mas não
nos deu o poder de transcendê-la a pleno.
D: Não possibilitou uma significativa
mutação psíquica.
O: Aquela vivência singular nos
mostrou a ilusão da percepção onde se tem o interno e o externo como duas
realidades separadas, mostrou a ilusão de espaço e tempo, a ilusão de
observador e coisa observada, a ilusão de nós como uma pessoa separada das
demais pessoas e coisas. Existia uma coisa única. Aquilo nos mostrou a ilusão
do que hoje temos por realidade; isto que vivemos hoje não é a realidade real;
trata-se de uma realidade encapsulada numa lógica e numa razão condicionadas ao
seu limite de capacidade de percepção da realidade.
D: Exatamente! Não é real o que
temos por real! Naquela vivência
singular, não existia a dualidade belo e feio... tudo era só beleza. Aquilo
está acima dos conceitos de bem e mal, dentro e fora... está fora de toda forma
de conceitualização.
B: Não sei se é condicionamento,
mas eu não enxergo isso aí. Eu enxergo que estamos vivendo essa realidade que
você fala, só que de uma maneira diferente.
D: Desculpe-me, mas não vivo
aquilo! Não vou entrar nessa sua historia. Sei bem o que vivi e o que vivo
hoje, nada tem a ver com a realidade daquilo. Se isso funciona para você,
beleza! Para mim não dá! E eu não vejo brilho no seu olhar!
O: A observação amadureceu a tal
ponto, que apenas duas ou três palavras eu já posso perceber as crenças, os
achismos e os condicionamentos, todo o enredo do cálculo autocentrado na lógica
e na razão condicionada. Já percebo o terreno em que o indíviduo está pisando,
terreno que já pisamos antes e que se mostrou disfuncional, ilusório. Não
adianta vir aqui e me dizer que a felicidade não é eterna... esses achismos não
me interessam, pois eu vivi e sei o que é. Todas as palavras hoje perderam seu
significado, se mostram muito pequenas. Tive aquilo por três vezes de modo
muito intenso. Não tem como negar, porque eu soube o que é a felicidade, a
liberdade, o amor, a comunhão, o que é a ilusão de dentro e fora, belo e feio,
a ilusão de se acreditar ser uma pessoa separada das demais pessoas, eu sei de
tudo isso. E sei também que o que vivo hoje, ainda é um estado de sonho,
podemos até chamar de um estado de sonho lúcido. Nada do que vejo hoje, me
apresenta liberdade, felicidade e comunhão. Eu não consigo ver beleza nessa
estrutura, tanto interna como externa. É isso! Não vejo beleza no modelo social
que nos obrigaram a participar, com sua jornada de trabalho absurda.
B: Eu vejo aqui que a vida é tipo
uma escada circular, onde cada degrau é feito de uma ilusão; o problema é você
ficar parado na ilusão; agora, se você está em movimento na ilusão, tudo bem.
O: Qual a inteligência de ficar
saltando de ilusão em ilusão? Qual a inteligência desse movimento? Eu não quero
esse movimento para mim! Segue nele você!
B: Isso faz sentido para mim!
O: Ok! Mas para mim, não tem
sentido algum! Duas palavras e eu já vejo o absurdo, a ilusão. Qual o sentido
de passar uma vida inteira saltando de ilusão em ilusão, só para manter a
ilusão de que se encontra em movimento? Que movimento é esse que não apresenta
o real e somente ilusão?
D: Continua a mente condicionada
com base no medo, com seus movimentos ilusórios! É a mente que fica sempre
pedindo pelo movimento, enquanto que homens como Ramana Maharshi, afirmam que
aquele estado singular se apresenta pelo não ação (apesar que querer a não
ação, já é uma forma de ação).
O: Cansei de pular de ilusão em
ilusão, de adulteração em adulteração. Estes 30 anos de busca me possibilitaram
perceber rapidamente os impulsos ilusórios. Quero achar algo com real sentido,
mas, só me deparo com opções ilusórias, tudo dentro do mesmo modelo
condicionado e condicionante. Tudo dentro do mesmo script. Não tem mais como
investir em nada disso. Todos se movimentam para não se permitir a estagnação
que apresenta a estrutura interna de medo, vazio, inquietude, contradição e
oscilação de humor. Quero saber se é possível acordar pela manhã e sentir algo diferente
e significativo, que me tire daquele looping de pensamentos contraditórios e
conflitivos, ou da rotina enfadonha. Percebo que ninguém tem o interesse de
questionar isso e, muito menos, de se ver livre de sua rotina, mesmo que ela
seja enfadonha. A pandemia mostrou o que a quebra da rotina gera nas pessoas: a
depressão, a falta de sentido e a percepção de que não existe amor real nas relações.
O número de divórcios no mundo foi enorme. Cansamos de tudo isso e sabemos que estamos
estagnados, que chegamos como que numa rua sem saída. Não tem mais o que ser
feito e não tem mais onde se apegar. Ou acontece algo inusitado, algo que
produza a capacidade de perceber algo que não foi percebido até aqui, ou então,
é isso: permanecer no mesmo movimento que já se mostrou ilusório, limitante. Sempre
tentando ver o melhor, mas, não tem mais como não ver o falso, não tem como não
ver a exata natureza que está movimentando não só nós como aos demais. Cada um
está sendo levado por seus cálculos autocentrados, cuja base, é medo.
D: E para nós que temos a
observação, mais nos é cobrado quanto ao nosso movimento de ação. O outro está
no automático, sem essa qualidade de percepção, e ele solta as coisas sem pensar,
se entrega aos impulsos emotivos reativos; nós temos que nos conter na força. Se
você achar algo significativo, estamos por aqui. Aqui continuamos num looping
de rotina percebida como sem sentido. Beleza? Um abraço!
B: Valeu! Outro!