07/06/2020

Não há libertação, sem educação do eu progressivo



O eu progressivo, que não está em perfeita harmonia com o Eterno, acha-se em oposição às condições sociais. Após ter-se harmonizado com o Eterno, aparece como estando ainda em oposição, apesar de estar exprimindo as mais profundas necessidades da sociedade.

Enquanto o eu não estiver em harmonia com o Eterno, esse eu deve estar em conflito com as condições sociais; porém, uma vez que este eu progressivo, tenha atingido a harmonia, visto que possua uma aparência, de estar em conflito com as condições sociais e econômicas do mundo, expressará as mais profundas necessidades da sociedade.

Quando você, como indivíduo, ainda não se acha em harmonia com o Eterno, naturalmente tem que se opor, tem que se achar em conflito, com todas as circunstâncias exteriores. Você estará em revolta, com todas as coisas que superficialmente, lhe forem impostas pela autoridade, pelo medo, e por meio da ambição.

Se você se achar em revolta com essas coisas não-essenciais, que a sociedade, as condições sociais, e que a humanidade lhe impõe, quando essa harmonia com o Eterno for estabelecida, você se achará ainda mais em revolta.

Você, porém, não está ainda em revolta, nem mesmo com as coisas ordinárias! Você se amedronta, não se acha, realmente ansioso. Você se acha ansioso por coisas, que na realidade, não têm nenhuma importância. Você tem se tornado sábio... em coisas infantis.
Temos que criar homens fortes, que estejam em revolta, por se acharem harmonizados com o Eterno, que é algo muito maior e muito mais formoso, do que se achar em revolta por estar em desacordo. Quando você estiver harmonizado, então desejará modificar as pessoas, mudar todas as coisas, então possuirá a chama que arde nitidamente.

Necessitamos de uma dúzia de pessoas, que se achem ardorosas acerca desta coisa, não acerca de seus pequenos deuses e velas, suas particulares e pequenas profissões de fé. A fim de se estar verdadeiramente em revolta, para possuir esse êxtase de propósito, que nasce da harmonia com o Eterno, o eu progressivo precisa estar em revolta com todas as circunstâncias externas, o que significa constante apercebimento, e cautela consigo mesmo.

A vida não tem voz, e essa voz interna, é uma resultante das suas experiências. A vida o deixa progredir solitariamente, em direção à vida, — ao todo. Ela não se preocupa com indivíduos. Não pense que isto seja um dogma cruel. Se a vida se preocupasse consigo, você seria perfeitamente diferente, seria um ser emocional, mental e psicologicamente perfeito. A voz interna é o resultado, o produto da sua experiência, a qual é intuição.

A visão da substância do Eu Eterno, assim como a do sol, não vem como um lampejo, ou passo a passo. O sol não sobe repentinamente ao ponto mais elevado do céu. Assim como a primavera, não vem com toda a sua tenra folhagem, numa explosão. E a treva, não desce subitamente sobre você.

Você quer que essa visão, lhe venha subitamente. Quer que subitamente, ela se revele para você, mas não pode ser desse modo. Ao contrário, é um processo contínuo, incessante — um soerguer de sombra após sombra, um suceder de luz após luz, dor após dor, e prazer após prazer.

Sem olhar ao seu grau de entendimento, seguramente, é somente do eu progressivo que você é consciente, e não do Eu Eterno.

O progresso real começa somente depois de uma completa separação, de todas as coisas não-essenciais, quando o eu progressivo, começa a se retirar para dentro do Eu, o qual está fora do tempo. Você se afasta de todas as coisas não-essenciais, pelo fato de reconhecer a estupidez, a infantilidade de todas essas coisas. Você chega a esse estágio, pelo pensamento, pelo sofrimento, pela pesquisa, pelo estudo, e pelo fato de sentir com profundidade.

Antes de se atingir a libertação, é possível educar o eu progressivo. Depois, não há mais que educar o eu. Ainda lhe digo, mais uma vez, que você alimenta a esperança de encontrar um caminho, em que possa agora, evitar a educação do eu progressivo.

Oh, você não sente ardor nestas coisas!

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